terça-feira, 13 de julho de 2010

ANTROPOLOGIA E ETNOGRAFIA

 " A Ciência não corresponde a um mundo a descrever. Ela corresponde a um mundo a construir."
( Bachelard)



Etnografia  e  Antropologia se misturam como se fossem a mesma coisa, embora sabe-se que já havia a escrita etnográfica  antes  da consolidação da disciplina Antropologia enquanto saber de corpo teórico  e metodológico. 
A partir da observaçao participante se pode ir produzindo a etnografia, que é uma descrição empírica feita pelo pesquisador quando vai a campo e registra todos os acontecimentos por ele vivido. Em seguida  todo o trabalho de campo torna-se como legítimo de sua apreensão acerca da realidade observada, mesmo quando se expõe as impressões e  as análises da investigação de forma subjetiva. Muito se escreveu ao longo dos anos de como fazer uma etnografia e sobre a própria para se ter como técnica antropológica na pesquisa que corresponde a uma análise qualitativa dos dados. Assim, ao longo da consolidação da disciplina a realização da etnografia foi se tornando imprescindivel para a Antropologia que lhe foi sendo associado conceitos e teorias.
Na atualidade podemos observar que o próprio uso da etnografia deixou de ser "propriedade" da Antropologia e que cada vez mais outras disciplinas começaram a utilizá-la para a coleta de dados e consequentemente para as fundamentações teóricas e metodólogicas. O uso dos dados coletados nela teve também como fim passar os crivos acadêmicos e universitários, é provável que o rigor metodológico no fazer a etnografico possa ser observado a partir de alguns etnógrafos como o caso de FRANZ BOAS, RADCLIFFE -BROWN, GEERTZ E MALINOWSVKI.
Particularmente vamos análise a questão em Geertz. Nele, a etnografia caracteriza-se por um  registro da presença de siginificados que retratam os conteúdos simbólicos das ações humanas, tornando a descrição com uma "densidade semântica", compondo a mesma por uma variedade de comunicações simbólicas, buscando expressar nas ações dos individuos o sentido daquilo que está sendo feito, permitindo a canalização entre ação e pensamento( a apreensão do significado).
A intenção de  Geertz ao classificá-la como "densa" está na noção de ver cada cultura descrita como singular e histórica. Escrever densamente é uma tentativa de alcançar a totalidade possivel de ser captada por meio da percepção dos significados  mais importantes e preponderantes na manifestação cultural presenciada pelo antropólogo. Descrever nesse caso, tem-se a condição de objetivar a ordenação de elementos culturais observados nas teias entrelaçadas a compôr o cultural. É muito importante lembrar que o pensamento interpretativista chama a questão de uma possibilidade de análise incompleta do antropólogo ao fazer a etnografia. 
A partir disso poderia também classificar a densidade de superficial, sem profundidade na investigação. As etnografias seriam criações de antropólogos que observam e depois interpretam para em seguida produzirem um texto. Porém, Geertz admite o exercício etnográfico como hermenêutica, onde se evidência a ideia de como uma sociedade é similiar um texto a ser lido. Uma interpretação de quem escreve  o que ver o outro interpretar o que faz. 
Portanto, na etnografia densa, a hermenêutica procura entender as sublinhas, os "maus" entendidos na compreensão a absorver o texto, obscuro, elucidar os traços individuais do próprio etnografo e o  seu contexto histórico que fora vivido. Quem interpreta o que ? E os fatos interpretado numa relação mútua? Eis então a importância de fazer etnografia e alimentar a própria Antropologia  e também ver a Antropologia cientifica com aspectos morais e cientificos. Essa etnografia reflete sobre a autoridade do texto produzido, busca uma diálogo entre pesquisador e pesquisado entre os pontos de vista de cada um.

domingo, 11 de julho de 2010

O contexto histórico para o surgimento das Ciências Sociais.

Podemos dizer que o aparecimento das  Ciências  Sociais  foi o RESULTADO DE PROBLEMAS PRÓPRIOS DA SOCIEDADE  em determinado momento do desenvolvimento do  capitalismo: EXODO RURAL, URBANIZAÇÃO, MOVIMENTOS REIVINDICATÓRIOS, VIOLENCIA, POBREZA...para os quais os saberes já instituídos ( na Ciência, Filosofia e Religião) não eram suficientes e nem adequados para um explicação  convincente.

Então ocorre uma ruptura na forma de se pensar a realidade social a partir da qual se abandona paulatinamente o senso comum e as  explicações que atribuem os problemas da vida humana à justiça divina, ao acaso das próprias coisas ou à imperfeição "natural" do próprio homem em sociedade.
 
Nas primeiras etapas do desenvolvimento das Ciências Sociais, os cientistas, inspirados pelas Ciências da natureza e física buscam adaptar  os procedimentos de investigação das mesmas para os questões sociais emergentes. Tentaram identificar nos objetos, nos fenômenos e acontecimentos regras e conceitos que cumprissem o papel de o papel de "átomo" da sociedade ou elementos primordiais da  capazes de explica a composição dos mais diferentes "tecidos" sociais tal como explicam-se a questão orgânica. Isso era uma maneira de garantir a objetividade das Ciências Sociais.


A FAMILIARIDADE COMO SOCIAL OU O SOCIAL COMO EXOTICO.

Os fenômenos sociais são normalmente "coisas" próximas, com as quais temos contatos frequentes no dia-a-dia e em relação às quais já possuímos algum conhecimento (senso comum). Pense em casos como o consumo de droga, a imigração, o desemprego, a educação, a violência e etc. Vejamos com mais detalhe o exemplo da educação: um certo indivíduo já foi aluno, agora tem filhos que andam na escola, é vizinho de um Professor e cunhado de uma Contínua, passa todos os dias ao pé de duas escolas, vê notícias na TV sobre a educação, etc.
Essa familiaridade com o social pode constituir um obstáculo epistemológico caso leve a pessoa a pensar que já sabe o suficiente sobre o assunto, que as crenças do senso comum bastam e que portanto não é preciso investigar mais. O que é um erro, pois mesmo que essas crenças sejam verdadeiras é preciso investigar para aprofundar o conhecimento e saber justificar aquilo que se sabe.
Nesse exercício de reflexão entre o exótico e o familiar cabe-nos uma reflexão: se o familiar se torna exótico e o exótico não é exatamente um território ameaçador, que deve ser rejeitado, mas sim um espaço onde serão formadas novas possibilidades de relações sociais que precisam ser compreendidas.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

SEM TEMPO DE ESCOLA



  O despertador toca, um suspiro sai e de olhos sonolentos  estende a mão e desliga-o.  Tem-se um preguiça de elefante para se levantar, sabia que já era segunda-feira : sinônimo de trabalho. Mesmo assim, fica de pé ...Toma banho com água fria e  escova os dentes. Depois de arrumado, vai até a cozinha. 
A esposa está terminando o café. O cheiro desperta o apetite, não a vontade de ir trabalhar. Senta-se um pouco emburrado e parece que os primeiros pensamentos enfim fluem na consciência. Recorda dos acontecimentos do domingo : o churrasco regado com cerveja, as conversas dos amigos, mas volta a sim e pensa na jornada de aulas que viria no dia. A idade já não lhe proporciona mudar de profissão e o jeito é continuar fingir que ensina e os alunos fingirem que aprendem. Para espantar o pensamento,  ver  as primeiras notícias na televisão. As reportagens são iguais, nada de novo para acontecer, a cidade caminha em circulos como o relógio no pulso. Toma um gole de café e olha de novo a TV , está atrasado não sente culpa nisso.  Ser pontual é um anomalia na vida escolar. Suspira aliviado por fazer parte dos professores  "normais" e  satisfeito com a verdade conclusiva, sorrir maliciosamente consigo mesmo. Com o propósito de chegar mais uma vez assim, vai lentamemte organizando o material que irá levar. Articula o que vai dizer nas turmas: O jogo de futebol, o programa fantástico, um acidente...Vai ameaçar  alunos e dar uma lição de moral as meninas para se comportarem melhor. Lembra-se dos colegas e as conversar interminaveis nos corredores, do vai-vem entre dos mestres entre a sala de aula e a sala dos professores. Recorda dos casos ocorridos e das intrigas sem fundamentos algum. Seu pensamento ainda lembra das salas de aulas cheia de alunos fazendo bagunça enquanto os professores ficam vendo as revistas de perfumes noutro.  Essa é a instituição escolar na sociedade. Nem melhor ou pior do que as outras. Talvez na meio politico seja, talvez no meio empresarial seja assim...
Ao sair de casa, a única coisa que planeja  e vai realziar com certeza, é liberar 15 minutos antes do sinal do intervalo tocar a turma. Também vai soltar um por um, cada aluno no final da última aula. Elaborar um questionários com 15 perguntas para todos copiarem as respostas do livro. Juntar duas turmas num horário só. Assim passa o expediente sem muito esforço e pronto. Não esquentar com isso o mundo anda meio torto mesmo.
Quase uma hora depois, ver a escola de longe. Não tem ninguém apesar de está aberto  o  portão. Será que errou o dia ? feriado ?  Deminui os passos e vai se aproximando...observar um pequeno cartaz que anuncia: A partir de hoje não se terá mais aula. Motivo: todo mundo já sabe o suficiente para entender e explicar a vida sem precisar ir a escola. Suspirar e fecha os olhos e toca o relógio.

Universalismo, Relativismo e Subjetividade.

As análises e correntes teóricas da Antropologia buscaram apreender elementos UNIVERSAIS em todas as culturas. Com o desenvolvimento das pesquisas de campo, isso foi se tornando uma constante na teoria. Por vezes, as pesquisas situaram na investigação nas instituições sociais, categorias ou até mesmo representações de cada cultural do que entendemos universais, a saber: universais seriam caracteristicas comuns a qualquer cultura. 
A lei do incesto pode ser um bom exemplo de se entender o termo universal tão apregoado. Ocorre que a cada nova pesquisa empreendida e discussão teórica, o termo universal era "afrouxado" pela ideia de relativismo, porém, isto não veio a significar o fim do próprio termo universalismo dentro da antropologia nem mesmo o sentido de que há elementos comuns a todas as culturas. Também se questiona, o universalismo em relação ao quê da  cada cultura? O estudo de elementos universais a determinadas culturas auxiliou a compreensão de uma específica em sua particularidade e pouco a compreensão do conceito de cultura de forma geral.
Assim diversas teorias que se formaram ao longo da formação do pensamento antropológico empreenderam posturas sobre o termo universal. Os evolucionistas observavam que a história das culturas estavam ligada a uma escala/estágio de valores . Haveriam culturas "superiores" e outras "inferiores" distribuídas geograficamente e temporalmente. As culturas superiores estavam na Europa e tinham passado por estágios anteriores ao registrados e observados pelas pesquisas antropológicas nas culturas ditas inferiores. Os funcionalistas observavam que  análise da sociedade e seu sistema social particular. A partir de Malinowski com o uso da etnografia descritiva insere o entendimento do processo de relativação de cada cultura.  O relativismo buscar mostrar que os valores sociais variam de acordo com as atribuições dos membros de cada sociedade vivida. Por outro aspecoto, o pensamento estruturalistas procuravam o subjacente, como alicerce no inconsciente coletivo de cada sociedade e que a mesmo possuia a possibilidade de agregar cultural. Os interpretativista tem na abordagem do intersubjetividade como base para a análise das culturas. É claro que o que se expõe aqui é resumido. Mas, objetivo  é justamente colocar aspectos relacionamento ao universalismo e relaltivismo, conceitos agregados ao  pensamento antopológicos. 
De fato, o exercício da subjetividade tanto do pesquisador como do pesquisado os fazem sujeitos múltiplos de análise do trabalho  e da pesquisa. Na realidade, a intersubjeividade colabora para com a auteridade e consequentemente com o relativismo. Descontroi um racionalismo objetivista que aponta para uma totalidade da conceito de cultura.

sábado, 3 de julho de 2010

A copa


" Uns de chuteiras e outros descalços"


Não, não é sobre as outras copas  que fomos vitoriosos, saímos as ruas gritanto Brasil, Brasil... e vestindo verde e amarelo e nem da próxima que vem se realizar aqui. Também nem vou  escrever como forma de "cartase coletiva" para esquecer a derrota brasileira frente a Holanda e nossa eliminação.  O objetivo do presente artigo é  associar o futebol a outras questões. Procuro tanto as  copas anteriores quanto a próxima  a algo mais ampla do que a  partida de futebol, do técnico zangado com os reporteres e da imprensa xereta por um furo de reportagem. A copa, ou melhor, as outras copas a que me refiro no artigo está nas derrotas do desenvolvimento humano da nossa nação, O BRASIL. Aproveitando os ânimos dos cidadãos, puxo um dedinho de prosa sobre o assunto cotidianamente esquecido. O país do futebol precisa melhorar ainda mais sua vida social, daqui a alguns dias será as eleições em vários niveis e como tem sido o nosso desempenho como eleitores? Pior  ou igual ao  dos jogadores de futebol ?
Nem se quer somos um modelo referência para os países latinos em educação. A Argentina e o Chile ( que eliminamos)  tem dado de "olé" no "ranking" internacional de qualidade de educação. Como poderíamos ser uma seleção de futebol vitoriosa. Se nos falta educação básica? O grito de gol fica engasgado mesmo. O Brasil anda bamba das pernas no quesito social, dai a qualidade de sermos um referência num esporte tem caído bastante nos campeonatos anteriores. Sei que alguém poderia dizer que a seleção brasileira ganhou na copa América, das confederações e ficou em primeiro lugar nas eliminatórias, mas temos que pensar mais apurado. Os jogadores que vestiram a camisa amarela em sua maioria eram de fora, trocando em miúdos  jogavam nos clubes da Europa  ( tinham a melhor preparação técnica do mundo) do que no próprio país. Ou seja, são os jogadores "brasileiros" certo,  mas nem tanto. O verdadeiro jogador do Brasil se encontra nas divisões de base e amargam com a falta de estrutura e até de salários. para as partidas. Fica a pergunta: era realmente o Brasil que estava ali representado na Àfrica? Se fosse a seleção genuínamente brasileira acredito que nem passaria da primeira fase. Somos campeões em desiguadade social, e extremos em alguns aspectos. O Brasil , neste caso, se posiciona igual aos países de situação miserável do mundo. Um exemplo do que escrevo é a hansenise (lepra), o Brasil é o segundo do mundo, perdendo somente para a India. Isso quer dizer que as condições socioambientais de nós levam as pessoas a adquirir a doença que ja foi eliminada em várias partes do mundo.  E isso seria resolvido com mais consciência de nós, brasileiros. Será que somos bons de bola e ruins de cidadania ?
A população brasileira mais "esclarecida" deveria cobrar dos dirigentes politicos e autoridades em geral mais qualidade nos serviços (educação, saúde, segurança...) que eles tem como comandantes maiores o dever de garantir a todos. A partir disso podermos ter um seleção vitoriosa. Não é preciso nenhum julgamento moral como fazemos com o técnico e seus auxilares da seleção ao perderem uma partida de futebol. A indignação com o desempenho dos jogadores deveria migrar para os responsáveis de nossa sociedade maior. Essa copa social é nossa e precisamos assumi-la, se joga todo dia com os desenvolvimento social da rua que moramos passando pela cidade que habitamos até a nação que formamos.