sábado, 14 de agosto de 2010

ARAPUCA


As asas em exercício de vôo entre o solo ou o céu, se alternavam uma para o verso e a outra em espera de uma resposta em outra. Os Zumbidos incertos delas mais para fora do que se tem dentro, acalentava o anjo-pássaro em exercício. Não era anjo de procissão e nem o pássaro, um feroz desenho na farda de soldado. Na hora se fala as razões das asas abertas, meras desculpas... Contive por alguns segundos os sentimentos que possuía ao ouvir quase nada, mas calei-me. Dois silêncios diferentes e juntos.  Quem presenciou a ena ficou com a vaga sensação de que ambos os passados ainda residem nesse instante. O Vazio na voz fez-se gesto sem culpa e fato verdadeiro.  Sou ave rara e me desprendo pequenas palavras da gaiola prateada. Pássaro se possui um ninho e que se revela surdo naquele espaço que também desapareciam. Se eles nem se ouvem conseqüentemente não cantam de felicidade ao escutar outro som. Assum Preto, Carcará, Asa Branca. Téteu...


A sedução involuntária amarra em laços de eletividades de ambos nos galhos e nas redes. Há momentos que  sei como transmitir, expressar, dizer o que sinto... desdobro com palavras na tentativa de convencer que se tem um sentimento puro enquanto arranca-se as emoções. Nessa história, anda-se sem perceber o piso das calçadas. Um afago talvez  em forma de conversa possa aliviar dores peitorais de tanto bater já tem receio de ser mal compreendido. Até entendo a distancia dos sentimentos que há e dos que não estão vivos. 


As tripas  se faz coração de beija-flor mais uma vez. Desfaço-me em disfaces. Fardo que carrego comigo agora são sentimentos, comidas de passarinhos. Estão colocados em argamassa, entre tijolo em cima de tijolo para levantar-se o muro. Os braços devem descansar pois teceram poeiras, os olhos devem dormir: a beleza se ausentou. Recolha toda a papelada dos rascunhos de tudo aquilo que se produziu na ditadura do silêncio de arapuca.

sábado, 7 de agosto de 2010

A cultura em oposição a Natureza.

Observemos de início que há uma diferença existente entre a atividade animal e a humana. O animal toma o meio-ambiente tal como lhe é dado, adaptando-se às condições climáticas e ajustando-se ao espaço que o circunscreve. Os instintos serão acoplados ao ambiente de tal maneira que eles se sentirão parte da natureza que os circunscreve. Já a existência humana e as próprias atividades são o resultados da ação dos mesmos, assim vemos que há um percurso inverso aa do comportamento dos animais e plantas. 
O ser humano não toma a natureza como  limite e nem como parte dela;  transforma -a  para ajusta-la as exigências (BERGER:1985, 235). Portanto é no meio  social que o mesmo possui a capacidade de se livrar do comportamento instintivo, de uma forma radical e consequentemente construir as escolhas e ações.
Deve-se ressaltar um contraponto a apartir do daí: as leis da natureza, dizem realmente o que acontece e as leis humanas são de uma condição prescritiva, dizem o que deve e/ou não ser feito. Assim, o conhecimento tradicional e conservador, expresso no senso comum, tenta incutir a falsa idéia de que qualquer ato  humano é determinado pela herança genética. As Ciências Humanas tem revelado e desconstruído tais ideias que reafirmam a incapacidade humana de modificador do comportamento.Poderíamos afirmar como capacidade exclusivamente humana a linguagem e a ação por “liberdade”. Esses pontos expostos são importantes para compreendermos a cultura em oposição à natureza. Porém, buscamos aprofundar a questão com referências mais atenuantes no universo humano.
É nessa condição de ser transformador das leis e modificador do meio que as necessidades também geram um ato de organizar simbolicamente a vida e se tornar refém da condição simbólica.(GEERTZ:1989) Nesse ato organizado e instaurado do social já podemos considerá-lo como um ser tecnológico, capaz de aprimorar seus utensílios e suas formas de socialização.