domingo, 23 de novembro de 2014

Ano manga

Furtei do quintal o cheiro de manga.
O paladar abria a tentação naquele momento.
Pulei o muro alto,
Na volta arranhei os braços.
Mãos cheias e quentes
Não me arrependo.
Me farto quando o tempo urge,
Agora, já estou pertinho do caroço,
Ficam só os fiapos entre os dentes,
Faço novamente, o doce crime de janeiro
Mordo no ano vindouro.

Sarau de Novembro


sábado, 8 de novembro de 2014

Outras mulheres.

Nem tanto Dalila,
Oxalá uma Medusa.
Algumas vezes lavo o cabelo.

Se acham que sou meio Cleópata,
Imito Salomé.
Ao certo sou Concubina.

Me torno outras mulheres,
para ser um homem verdadeiro.




domingo, 28 de setembro de 2014

NATUREZA MORTA


O palito de fosforo aceso.

O ovo frito no prato,

O cubinho de gelo na bandeja.

A bicicleta em baixo da janela.

A porta entre aberta para respirar a cidade.

O sino da torre escorre as horas.

Quando os pássaros festejam,

A chuva chorona a silenciar.


A árvore 
seca e suas poucas folhas a copa.

Os pingos torturam a terra


Até encharcar o chão.


domingo, 10 de agosto de 2014

O PAI E A TATUAGEM


Alguns pais são preocupadas com os filhos que querem fazer uma tatuagem. É claro que isso tem uma razão, o medo de sofrerem preconceitos no meio social. Não serem aceitos em empregos e serem discriminados em escola e estabelecimentos.
Ouvindo a música tatuagem ( Chico Buarque ) nesse domingo, lembrei-me de Odimar. Motorista que tinha uma no braço. Quando ele voltava de São Paulo e trazia de presente sempre algo...patins e esqueites ( SKATE) para nós, falava da visita a casa que fez em Tia Lourdinha. O máximo foi quando trouxe a televisão em colores. Ou quando ele levava a gente para ir comemorar o são joão ou o carnaval em Apodi. Certa vez, ele se vestiu de mulher para "brincar" o carnaval. Dos banhos na lagoa ou quando íamos para a praia de Tibau no domingo. Enchia a geladeira de refrigerantes e só podia beber no almoço de domingo. Doces lembranças que vão se somando a outras. No dia de natal, colocava a turma toda na boleia e dava uma volta pelas ruas iluminadas da cidade. A meninada gritando e cantando. Recordei que ele comprava tradicionalmente no final do ano um disco de Roberto Carlos. Maravilhoso. Parava nas bancas de camelôs no mercado e comprava nossos presentes. As lembranças dele e os lances que revelavam sua tatuagem mostram que houve afeto e por tudo o que vivemos como filho e pai foi importante. Hoje, esse vontade de viver tenha a herança dele.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

INCENTIVO À LEITURA

De uns tempos para cá, vejo surgir café poético em livrarias de shoppings, recitais de poemas, concursos literários, feiras de livros ou festivais literários por todos os cantos e que acreditamos incentivar o hábito de leitura ou de surgimento de novos escritores. Parece que temos mais escritores do que leitores. E que o aumento da média de leitura de livros entre brasileiros já nos consola. Mas é preciso esclarecer algumas detalhes dessa " febre literária"...Primeiro fica feio ouvir de pessoas universitárias a seguinte afirmação: Não estou lendo nada e segundo torna-se glamour ir a um evento literário de grande porte que movimenta toda uma cidade. Assim, vou ao festival literário ou a feira do livro e tiro fotos e participo de debates e pronto...sou um leitor.

Literatura, poesia e poema...tem que se algo visceral. Tirar os nossos pés do chãos. Desestruturar nossas bases morais. Nos colocar pelo avesso. Causar náuseas e descobrir o nosso autor que somos e temos no meio. È fácil ler Jorge Amado, Machado de Assis....Difícil é valorizar e ler os poetas vivos e pouco reconhecidos. É fácil ir a Paraty ou Pipa e nunca ter tempo de participar de um sarau na periferia. É ótimo está no meio de gente com livros e mais livros na sacola e saber que depois ficaram jogados num quarto. Tirar foto com autor famoso e tal...enquanto houver burguesia não vai haver poesia já dizia Cazuza.

O gosto pela leitura de livros é complexo e transformador.O despertar é algo que vai depender da experiência pessoal quer seja na música, em um filme, no desenho...Por vezes, na escola, a prática é a antipoesia e antiliteratura com as crianças e adolescentes. Se os segmentos populares souberem do poder da poesia em suas vidas isso será revolucionário e sem voltas.

domingo, 25 de maio de 2014

APODI

Nos olhos de menino tem uma melancia.
Dentro há uma lagoa,
no entorno dela vê-se casas.
E mangueiras fazendo sombras.
E tudo se faz infinito,


sábado, 26 de abril de 2014

sarau de Abril


O marginal berra feito
Já o poeta fala palavras marginais.
Os dois estão à beira
Do Abismo amoroso e do caos instituído.
poesia.
São amados
como os cachorros vira-latas.
Preferem a putaria por opção.
Têm feridas e cicatrizes.
Não saram e sempre sangram.
São delas suas inspiração
Para malandragens.
O poeta é marginal,
o marginal não e considerado poeta.
se é, não sabe..
Brinquedo do cão sabia
Fazia das duas na sociedade espetáculo.
Poetas e Marginais correm pelas ruas podres.
O marginal vem e o poeta, agora, grita.
Vão comer o pão que o diabo amassou,
deus cozinhou e o cidadão pisou.
O poeta mata um leão a unha e versos.
Todo dia se mata um marginal.
Vai virar papa.
Dorme no chão, não há paz e nem governo
nesse mundo cão.
Ninguém que Justiça.
Nem heróis.
Poetas e Marginais estão ensinando
A mim, a você e a deus.









terça-feira, 1 de abril de 2014

Sarau de Março

Letra a letra.
 Palavra por palavra. 
Frase.
Frases.
Choveu poemas. Escorregamos nos riachos. 
Rio dentro de nós. Ficamos em volta do lago. 
Mar que nos afaga.
Molhamos ritmos, afugentamos as rimas mono sonoras.



 Tédio ou alegria ao ver a chuva da janela, encharcamos as roupas com poemas. As fontes de nosso Rio Grande, sem Norte. Nunca mais o estio. Nesse sarau, a poesia agiu como se fosse a força e a energia das águas. Chuva, Correnteza. Maré. Dá água viemos, para a água retornaremos. Estendemos nos varais as poesias. Antes lavamos elas com palavras e salivas. Peça a peça. E em garrafas mudamos um pouco. Dá água para o vinho.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Polis.

Entre o meio-dia e o calor.
Entre a vegetação órfão e raquítica.
Entre  Homens ossudos de sal e suor.
No seco sertão.
Mossoró se edifica.

O rio e as plavras.

Joguei palavras limpas 
De cima da ponte.
No poluído rio Mossoró.
O povo não ler
Tão pouco se importou.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O artista arruaceiro




De tanto andar


Ladeira Acima,


ladeira abaixo.


De ir uma rua e vim por outra rua


Magno vai viraru m anarcoartista.


De tanto dar voltas,

Rolés contra as cirandas de ricos.

Furar as órbitas políticas,

Magno vai fazer uma revolta.

Sem revolve e nem bala.






Para Magno Marcio.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Bolsa Família

Estava de volta para casa, depois de umas férias prolongadas por Mossoró ( moun amour). No táxi, vinha, além de mim, uma senhora na frente e atrás: Eu, um homem e outra mulher. Eles conversavam sobre tudo e de repente a conversar foi sobre a situação social do mercado de trabalho. Um sempre buscava concordar com o outro. Dai, a senhora comentou: Brasileiro é preguiçoso. E o senhor ainda acrescentou: A situação só piorou mais por causa do bolsa Família. Antes não era assim, as pessoas se esforçavam para trabalhar, mas agora...por qualquer motivo pendem demissão. A senhora tomou a palavra e disse:"hoje para contratar uma empregada doméstica ou pedreiro, você tem que cumprir uma série de exigências." O senhor ainda acrescentou: " As pessoas estão deixando de trabalhar para serem traficantes."
Eu estava convencido em fazer-me de desentendido e ao ouvir essa frase, me incomodou demais, interrompi a conversa para dizer como percebia a situação. A senhora permitiu. Falei que para receber uma bolsa-família, a pessoa deveria cumprir uma série de obrigações do tipo: vacinar os filhos e ter os mesmos matriculados e frequentando a escola. Disse que em relação as empregadas domésticas e pedreiros são dignos de receberem bons salários e também terem seus direitos trabalhistas garantidos. Ninguém crítica os empresários que recebem volumosos empréstimos para suas empresas nos bancos e não pagam, dos ricos agricultores que são beneficiados com linhas de créditos e industriais que não pagam impostos para instalarem suas fábricas. Nesse momento, o silêncio se instaurou dentro do carro.  Depois de um certo tempo, a senhora quebrou o silêncio me perguntando: " Você é o quê?" Respondi: " Sou apenas um professor." A impressão que fica é que não podemos discordar das ideias que são comuns a determinados grupos sociais.