terça-feira, 17 de agosto de 2021

A Família : Dinâmicas externas e internas.





 
Assim como as leis, a cultura, a educação, a religião e outras formas de viver em grupo  vieram surgindo e sendo importante para a vida social do individuo, a família se torna importante elemento para a compreensão das relações sociais. Se observa que a ela se faz como elemento importante para compreendemos o que é uma instituição social. Podemos pensar como se forma uma família ? como ela é constituída ? Suas estruturas e as relações culturais ? E ainda colaborar com o modo de pensar, agir e viver da pessoa. 
Ao nascer, já encontramos o estabelecimento das estruturas que existe para atender as necessidades sociais e não pessoais. A família vai servir como instrumento de regulamentação e controle dos seus membros  na sociedade, assim deve-se ser observado:  a interdependência da família com as outras instituições sociais ( religião, Estado, Educação). Ou seja: o ser pai, mãe e filhos reproduzem em grupo as regras implícitas e explicitas que formam  as condutas que valem para toda a convivência social.
Para Durkheim, o século XIX as-
sistiu ao início da passagem da famí-
lia patriarcal, «que impõe aos des-
cendentes o casamento adequado à
continuidade de determinada lógica
familiar e colectiva», para a família
conjugal, onde, pelo contrário, «é o
casamento que funda a família»
Levando-se em conta aspectos como o tempo e o local, a família possuem variações de papeis e a composição de seus membros. Embora as normas sociais determinem as regras de funcionamento da família, cada família tende a valorizar determinadas normas do que outras e não querer outras de forma explicita. 
Para Durkheim, o século XIX as-
sistiu ao início da passagem da famí-
lia patriarcal, «que impõe aos des-
cendentes o casamento adequado à
continuidade de determinada lógica
familiar e colectiva», para a família
conjugal, onde, pelo contrário, «é o
casamento que funda a família»
Em relação ao casamento, a família pode ter uma união: monogâmica onde uma mulher pode ter apenas um homem ( sexualmente) quer seja por uma única união ou por meio do divórcio.  Há também o casamento poligamia ( poligâmico) em que cada cônjuge pode ter duas ou mais companheiro. Detalhe, o casamento de uma mulher com mais de um homem é chamado de poliandria, e o casamento de um homem com mais de uma mulher é chamado de poliginia. O casamento responde a uma necessidade da sociedade para manter uma ordem necessária ao funcionamento das demais instituições sociais. 
De modo geral, em quase toda sociedade se estabelece uma união legitima que podemos denominar de casamento. Assim, os casamentos podem ser endogâmicos e exogâmicos. A união endogamica é aquela que ocorre dentro do mesmo grupo social ou familiar e o exogamico se refere a união com alguém fora do grupo, raça ou classe social diferente.
 As mudanças dentro da família (organização e representação) apenas dão cunho legal às transformações que estão ocorrendo na sociedade, na qual a mulher vem assumido um papel destacado na  estrutura familiar. Além de trabalhar duro fora de casa, contribuindo para o sustento  do lar, ela ainda executa a maioria das tarefas  domesticas, ocupando-se da limpeza da casa e da alimentação e educação dos filhos.








sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Sociedade, Parentesco e Família.





O nosso objetivo é buscar o início de uma reflexão mais complexa sobre o tema e mostrar que a situação não é tão simples de se explicar e de se entender apenas por uma justificativa simplória. Primeiro, precisamos compreender que família não estrutura e forma a sociedade em geral, é ao contrário: a sociedade que forma a família. É necessário desconstruir algumas ideias errôneas que compreendemos de modo simplista da relação família e sociedade.

Constantemente ao lermos em jornais, assistirmos na internet ou recebemos informações sobre situações de conflitos ( assassinatos, brigas) e crises familiares, refletimos sobre o "papel" da família na sociedade, não pensamos que aquilo é uma consequência de vários fatores. E também como se a mesma tivesse uma função reguladora ou possuísse um poder de gerar bons cidadãos. São informações distorcidas que mostram ao contrário daquilo que sentimos sobre a nossa própria família e do que pensamos nas nossas cabeças. A famosa desestruturação dos membros na mesma já é assunto comum. "O mundo está de cabeça para baixo," pode se dizer que as pessoas que não entendem que as famílias  e o parentesco são conceitos sociais dinâmicos e em constantes mudanças de acordo com o ritmo histórico da sociedade. 

As descobertas feitas nas pesquisas Sociológicas e Antropológicas mostram o quanto é complexo se  analisar as relações de parentesco  e que pelo senso comum reproduzem somente a transgressão das regras familiares. O modelo atual e nuclear de família e também de parentesco se tornou mais um resultado de processos históricos diversos para a consolidação da modernidade do que algo que já existia como eterno e fixo dentro da sociedade civilizada. 

As investigações científicas se mostraram emblemáticas no que compreendemos que a base da família ( Mãe, Pai e Filhos). Vamos lá, primeiramente de que isso não está numa relação geracional e sanguínea dos membros. Na verdade, a Antropologia demonstra que as condições de consanguinidade se tornaram apenas um dos elementos para a análise do núcleo familiar, não é o principal ou o mais importante. Outras condições como a econômica e até de circulação das pessoas tem se mostrado importantes em certos aspectos quanto o assunto é "família". 

Assim associando a genealogia do parentesco, podemos ver que ambas se formam e se mantem a partir de interesses externos a elas mesmas, presentes mais nos elementos socioculturais do que nos sanguíneos, como se fosse a consequência e não causa. O casamento mostra que a união de um homem com um mulher obedecia a interesse econômicos e de categorias sociais do que uma ligação afetiva.

As investigações levaram as comparações culturais revelando que em todas as sociedades humanas existentes há um sistema de adoção e estruturação do que seja "a família ideal" para aquela cultura e  as relações de "parentesco correto", por vezes diferentes e até contraditórios aos nossos padrões. Ou seja, a família se forma para ajudar a manter a funcionar um sistema social maior do que interesses particulares.

Esse sistema tem como função a manutenção e reprodução dos laços de convivência(econômico, político, social) que estão na sociedade especificada quer seja uma sociedade africana, asiática ou nativas, pouco relacionado com a reprodução sexual e a proteção de sua prole ( filhos). 

Assim, quando assistimos aos programas de TV's e na internet mesmo os (des)casos que pululam nos meios de comunicação revelam uma situação particular que não podem jamais ser generalizada, alias como modelo de punição para os outros membros da sociedade. Diga-se de passagem que a sociabilidade humana dentro do atual modelo familiar está permeada de condições contraditórias: sociedades individualistas, urbanas, desagregadoras e que somente acentuam o sentimento de exploração que sempre vem acontecendo frequentemente no espaço público e vem para dentro da lar. Quando alguém quebra a regra instituída pela sociedade, sofre sérias punições por não obedecer a ordem estabelecida. Ao contrário do que se imagina, as outras instituições sociais necessitam da organização normativa e cultural para existir, usam a família e o parentesco que são "naturais" para a formação das virtudes da pessoa, para acentuar a função de cada membro na sociedade. Mas, se permite a existência da família é em condições restritas com regras de convívio para a manutenção de outras ordens, isso é uma relação de confronto e oposições que estabelecem um certo equilíbrio para a manutenção de ambas (sociedade e família).

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Aspectos teóricos de Pierre Bourdieu.






Pierre Bourdieu colaborou para uma Sociologia capaz de explicar aqui que se escondia no comportamento social e faltava uma explicação. Para ele, as diferentes práticas sociais, inclusive aquelas relacionadas, baseiam-se na posição que as pessoas ocupam na estrutura da sociedade. Em outras palavras, elas se baseiam em sua posição social. A cada posição, correspondem determinados estilos de vida. Essas disposições formam um sistema complexo que diz como as pessoas devem se comportar. Bourdieu chamou esse sistema de habitus. Note que não se trata de “hábito”, mas da palavra latina habitus. Mas, se fossemos pensar assim em relação aos gêneros ?

Na obra “A dominação masculina”, ele discorre sobre a estrutura do poder do masculino no processo de eternização do gênero. vamos lá entender seu pensamento: O ser homem (corpo) no sentido social está automaticamente vinculado as identidades heterossexuais ( sexualidade ) e ao masculino genérico. Não seria somente o corpo, mas a linguagem, a imagem e outros meios de usar o masculino. Ou seja, a “ doxa” seria a crença ou práticas sociais que são consideradas como normais e comuns, evidentes por si mesmas, não sendo objeto de nenhuma discussão ou reflexão. A partir daí, homens e mulheres vivem seus gêneros, exercem a sexualidade e elaboram o corpo cultural de acordo com os padrões coercitivos do meio social. 

As analises de gêneros sempre estiveram coladas ao corpo e à sexualidade. Assim diariamente quando pensamos em sexualidade e corpo estendemos esse pensamento as nossas observações para o "Gênero" pela visão reducionista ou essencialista da divisão biológica ( masculino e feminino), nem se quer ousamos pensar pluralmente em masculinos e femininos. 
Desta forma, a tríade ( corpo, sexualidade e gênero) se naturaliza como algo social e torna-se obrigatória para o individuo, a apropriação e o uso dos mesmos, fazendo deles uma afirmação de seu caráter construtor pela historia e sujeição no social. A tríade influencia o individuo, perpassa as próprias fronteiras instauradas dos mesmos e fluem para outros campos. Pensemos nos nossos sentimentos e emoções que estão rotulados de masculino e feminino. Ressaltamos o importante papel desempenhado pelos mecanismos culturais adversos para a formação da sexualidade, do corpo e gênero dentro de um contexto social restrito que reflete de forma singular na condução da pessoa. O controle e a vivencia vão ser cercados de tabus e códigos que têm como ponto comum o exercício da subordinação e da dominação.
O que você terminou de ler foi uma ponta do fio que leva ao novelo da Sociologia de Pierre Bourdieu em "A dominação Masculina." Sempre questionador que inverte a relação causa e efeito da prática social que hierarquiza as nossas vivencias, Bourdieu é um convite para concordar ou discorda de suas analises sociológicas com ética e crítica. Quando se ler e reler seus textos, frutos de suas pesquisas sociais, podemos mergulhar naquilo que chamamos sair da própria bolha. 

terça-feira, 27 de julho de 2021

As Explicações da relação da CULTURA e da NATUREZA


  


          O ser humano não traz, ao nascer, uma determinação natural do comportamento. A conduta  do mesmo é feita numa relação dinâmica com a natureza, onde se aprende a lidar com ela, e assim elaborar  um sistema humano de linguagem que lhe permite se situar em relação à natureza. Neste sentido, o ser humano é inacabado(BERGER:1985), precisando da Cultura para poder se relacionar com o meio. A cultura torna-se esse viés pelo qual se percebe diferente dela e busca o controle da natureza, ao mesmo tempo em que se sente parte dela e vive um processo de constante reelaboração dos significados do meio social.
É na condição de ser transformador das leis “naturais” e modificador do meio que as necessidades também geram um ato de organizar simbolicamente a vida e se tornar refém da condição simbólica.(GEERTZ:1989) Nesse ato organizado e instaurado do social já podemos considerá-lo como um ser tecnológico, capaz de aprimorar seus utensílios e suas formas de socialização. Malinowski viria acrescentar ser necessário seguir uma análise dessa transformação pelas chamadas “necessidades naturais” do ser humano para o modo com ele põe para funcionar a cultura.
Por outro lado, poderíamos afirmar como capacidade exclusivamente humana: a linguagem e a ação por “liberdade”. Esses dois pontos são importantes para compreendermos a Cultura é um conceito construído em oposição à natureza. Porém, buscamos aprofundar essa questão com referências mais atenuantes no universo dos significados. O antropólogo estruturalista Levi-Strauss colabora com essa análise acerca do tema: Natureza e Cultura, refere-se a “lei do incesto”( LEVI-STRAUSS: 1982) que surge no momento em que os humanos faz a passagem do estado de natureza à cultura. Os animais desconhecem tal ordem em seus sistemas. Outros elementos colocados pelo antropólogo está na ordem do cru e do cozido e da domesticação do fogo. A capacidade de preparar seus alimentos pelo cozimento é singular no universo humano. Desta maneira, viriam outras questões ligadas à morte, ao ritual de sepultamento e à sexualidade. A lei na ordem da cultura é a constatação que os humanos são capazes de criar uma existência que não é apenas natural, é uma ordem simbólica.
Assim, não houve um estado de evolução biológica no ser humano para depois ocorrer o aparecimento da cultura. Ambos acontecerem simultaneamente e intrinsecamente na formação do homem. O ser humano em seu processo particular de socialização vai desde cedo, nas diversas culturas, a incorporar os símbolos que lhe prescrevem o viver em sociedade. Desta forma, ser membro de uma determinada sociedade é se naturalizar como social, fazendo-se um objeto por completo do seu caráter construtor pelo tempo e espaço.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

A nomeação do Corpo e seus passos.




A nomeação de corpos é uma maneira de docilizar ele. Assim, os corpos dos outros são nomeados como forma de intrusão por terceiros. Geralmente, a marcação dos corpos dos outros se faz por meios morais condenatórios.  Vejamos os casos sobre aquilo que convencionou ser chamado de prostituição. Os prestadores de serviços sexuais compõem o cenário de qualquer cidade, mas principalmente dos centros urbanos. Recebem várias denominações: " garota de programa ou garoto de programa”, "massagista" "modelo" e “michê” entre outras. O perfil deles mostra que não têm uma idade certa, categoria social e cor, mas que se situam precisamente entre a juventude e não muito na fase adulta. Diminuem com a faixa etária.  Geralmente, começam a partir de uma vivencia diversa com os outros semelhante, vão se inserindo no circuito de ofertas de serviços sexuais. Adquirem nomes fictícios e assim como tornam-se trabalhadores (ras) do sexo, poucos vivem exclusivamente desses serviços.
O objetivo desse texto é destacar alguns pontos importantes sobre o mercado do sexo viril e as relações com as identidades construtivas e a territorialidade do desejo no próprio espaço social da cidade e na condição de construção do corpo. O que propomos é a refletir especificamente dos garotos de programa, buscando apresentar itens que revelem outra dimensão da que temos do senso comum. De fato, as relações sociais dos profissionais do sexo gira em torno de grupos diversos: ida academia de musculação, prática de esporte, fazer curso de idiomas, saída para bares, festas e eventos. A complexidade de ser homem e se "prostituir" engendra questões morais, sociológicas e econômicas. Poderíamos abordar o tema que a partir dos elementos utilizadas para a conquista de seus clientes e com uma analise que desenvolva a desempenho aglutinador deles em torno da pratica da prostituição. 
Em tempos de "turismo" e "globalização" se evidenciando mais as “garotas de programa” nos assuntos diários, na internet e na mídia. Pouco se debate sobre os rapazes no mercado do sexo de forma semelhantes as mulheres que se prostiutuem. Assim quase invisível, mas com a urgência de uma analise sociológica que nos propomos a discutir ou iniciar o assunto com três passos. 

PRIMEIROS PASSOS:  Desde a academia de musculação até as franquias de roupas masculinas, os "rapazes de programa" vão se elaborando no imaginário social que o mitificam ou estigmatizam no imaginário das pessoas. Ao mesmo tempo em que fazem do serviços sexual mobilidade social com a atividade enquanto utilizam os recursos financeiros que possibilitam instabilidade econômica e acesso a bens culturais. "Os michês" têm desenvolvidos um mercado exclusivo dento do serviços sexuais e dando novos contornos para se pensar questões entre sexualidade e a interação dos valores capitais e inserindo novos elementos dentro das reflexões de gênero, da identidade, práticas sexuais e outras. Vale apena lembrar que serviços sexuais tornou um termo amplo para designar motel, sex shop, ensaio fotográfico, filme pornô, perfil em redes sociais e outros meios onde o sexo gera rendimentos financeiros e mobilidade social. 

SEGUNDO PASSO; Quando o tema ganha a visibilidade na sociedade sobre o assunto, geralmente é por terem a imagem associada a violência e a marginalidade. Na impressa ou na internet, o assunto é tratado de forma alarmista ou preconceituosa. Certamente alguns que se passam por “michê”, na verdade não são. Vão as áreas de prostituição ou usam os meios de divulgar os serviços, são agressivos ou violentos e cometem o rouba e crime. Um profissional do sexo com bom senso que atua regularmente no mercado do sexo não faria isso para sujar a imagem. O próprio trabalho é arriscado ao profissional, pois pode haver extorsão de marginais, da policia e até mesmo dos próprios clientes. A história de vida deles e como chegaram ao mercado do sexo já é motivo de se busca uma política publica exclusiva e em paralelo desenvolver o respeito e a tolerância a pratica dos serviços sexuais por parte de cada segmento social.

TERCEIRO PASSO: Por vezes queremos separar sexualidade e cultura, mas as pesquisas sociais mostram que existe uma relação intrínseca em o viver a sexualidade a partir das influencias culturais. Dentro dessa leitura, podemos afirmar que o mercado de serviço é muito mais um resultado e confluência de vetores sociais e históricos do que algo somente pessoal do individuo que prática e no cliente que busca o serviço. A relação econômica dos profissionais do sexo torna-se paralela a atividade sexual, não pode-se afirmar que em primeiro plano reside a necessidade financeira e que usa-se o sexo para garantir um rendimento econômico e ao mesmo tempo ter/dar um prazer efêmero. 
O financeiro se torna um elemento no comércio, não é o principal ou o mais importante. Nossa maneira de ver se condicionou a enxergar a questão assim e deve-se desconstruir esse adestramento dos valores acerca dos profissionais do sexo. Dependendo do profissional, o local e o que vai acontecer o preço ou benefício vai variar. Tudo é incerto e improvável entre quem faz e que procura. A famosa lei da oferta e da procura. Existe internamente na prostituição viril, situações limites entre os garotos de programa, mas isso é uma fronteira que se borra com a idade e o tempo. Há aquele que oferecem seus serviços por telefone colocando o número nos jornais locais ou internet, então se dizem “universitários” “rapazes fino trato” e outros adjetivos que moldam-os até as partes intimas com polegadas. Já os “massagistas” de saunas aparecem são jovens trabalhadores autônomos, moram em bairros periféricos e que a noite prestam serviços com massagens para quem quiser. Por fim, há aqueles que vão para rua e em algum bar. Esse grupo seria os despossuídos por estarem contando com todos os clientes e ficarem a mercê dos riscos que a noite oferece. Acredito que são os mais estigmatizados, pois eventualmente, um marginal se passa por michê e os rouba ou comete violência com os clientes. Como já mencionei, isso não quer dizer que são categorias estanques. Alguns elevam na hierarquia e tem ascensão para o topo dessa pirâmide de mercado.

terça-feira, 6 de julho de 2021

O emocional para o consumo.




O capitalismo sempre precisou se desenvolver gananciosamente em todos os sentidos da condição humana. Isso quer dizer que, além das transformações industriais e urbanas em qualquer lugar do mundo, o mesmo moldou de forma invisivelmente os sentimentos e o modo de pensar e agir das pessoas. Nesse ensaio iremos entender a maneira como compramos e consumismo. O modo de consumo e serviços foram a base para nos tornarmos quem somos socialmente e está além do mero ato de comprar e vender, eles instigam as relações sociais e nossas emoções pessoais com gestos civilizados. Sem querer agimos como se tivéssemos comprando amizade, namoro e relações de parentesco. Um dia, o produto não serve mais para nada, ou seja,  virá descarte, assim como as nossas relações sociais se desgastam com o tempo.

É verdade que de inicio, a lógica capitalista produzia bens duráveis. Mas, poucos tinham o poder de comprar. Seria um novo modelo de produção buscou redesenhar a durabilidade do produto. De forma tática, começou a  se programar a produção industrial para que os bens finais tivessem um tempo curto e não tivesse reposição de suas peças. 

Por outro lado, esse estilo de pouca durabilidade foi análogo na economia adquiriu . Primeiro, abriu - se o acesso financeiro ao consumo por meio de liberação de créditos com juros "baixos" ou a perder de vista, depois, os bancos tinham linhas de empréstimos para todos os estilos e por fim, a popularização do cartão do cartão até para quem não tem rendimento.  Isso impactou em vários setores sociais, mas também criou uma ânsia de consumir maior em qualquer cidadão.

Oferecer um produto não era como antigamente,  surgiram diversas maneiras de vender um bem material. As formas de comercialização foram também mudando ao ritmo do consumo. Os serviços de venda pela internet fez girar a roda do que era necessário para produtos supérfluos e teve mais descartes sem retorno. O  falso sentimento de " posso comprar "  ou " eu estou pagando " estava longe da necessidade coletiva e do bem comum. Ou seja, sustentabilidade e responsabilidade social permanece apenas como propaganda para os outros. 

O modo de vida capitalista acaba com os recursos naturais por um lado e por outro, produz um monte de produtos descartados que vão sendo amontoados. Todas as nossas relações sociais e emocionais tem uma origem e um fim na vida, seriam iguais ao modo de produção econômica que vivemos. Cada vez mais, o sentido de uma relação eterna e duradoura desmanche-se com o decorre do tempo.

Reutilizar, reduzir e reciclar  ajudam muito a diminuir esse frenético modelo de vida que não nos damos conta de como estamos imerso dentro dele. O consumo zero pode ser outra maneira de carimbar o diferencial de cada para que o futuro garanta para todos acesso igual a tudo. Assim como escreveu Karl Marx : " Se o trabalhador tudo produz, a tudo ele pertence."

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Teoria Weberiana






Max Weber é um dos mais celebres pensadores das ciências humanas, foi um construtor do saber transdisciplinar escrevendo obras que perpassam diversos campos da economia, história, educação, política e sociologia. Intelectual que decifrou embates da vida daqueles que se dedicaram a viver da e para a vocação de professor, tendo à dedicação, a paixão e a inspiração, elementos importantes. Weber nos deixou uma obra-prima de relevante dimensão: “Economia e sociedade”. Nela é estudado tanto o seu método e instrumento de analise sociológica, isto é, a metodologia compreensiva como os tipos ideais, definem sistematicamente os tipos de ações, a compreensão e dedicação daqueles que se dedicam à vocação de cientista deixando de fora juízo de valores que poderão contaminar o fazer de sociólogo ou do cientista de uma forma geral. 
De acordo com Raymond Aron no livro “As etapas do pensamento sociológico” pode-se tentar classificar as obras de Weber em quatro categorias. 1) As obras que trataram unicamente das ciências humanas e historia, e da sociologia, isto é, a metodologia, estas obras são epistêmicas, expressam uma filosofia da historia e do homem, mostram a relação ciência ação os principais trabalhos neste campo estão reunidos nos ensaios sobre a teoria da ciência(Ensais sur la theorie de la science). 2) As obras que tratam do campo da historia como estudo sobre a relação de produção na agricultura no mundo antigo, a economia geral, os trabalhos especiais sobre problemas econômicos da Alemanha ou da Espanha contemporânea, por exemplo, uma pesquisa sobre a situação da Prússia oriental, em especial sobre as relações entre camponeses Poloneses e as classes dirigentes Alemãs. 3) A celebre obra a “A ética protestante e o espírito do capitalismo” onde efetuou uma comparação comparativa entre a ação ética das religiões (o calvinismo, o pietismo, o metodismo e as seitas Batistas), e a vocação econômica no ceio destas religiões, suas convicções e identidade. 4) A obra prima que é o tratado de sociologia denominado “Economia e sociedade” nesta obra Weber define conceitos sociológicos fundamentais como o conceito de poder, ação social, a dominação (racional, tradicional e carismática) um estudo sobra estamentos e classes, a ordem econômica, mercado, a sociologia do direito, e uma sociologia do Estado. 
É necessário lembrar que Weber efetuou um trabalho sobre o tipo ideal de política e do cientista refletindo filosoficamente sobre o trabalho vocação a independência e a solidariedade entre a Ciência e a Política. Numa época em que o desenvolvimento social de uma dada sociedade depende intrinsicamente desses dois elementos, convém, portanto refletir a aplicabilidade da obra: “Ciência e política: duas vocações” (Wissenschaft Als Beruf e Politik Als Beruf). Deste modo a teoria weberiana tem como ponto inicial a ação e classificação dos tipos de ação (ação lógica e ação não lógica, mesmo sem seguir essa classificação Weber vai mostrar-nos quatro ações sociais, a qual a sociologia procura entender, compreender de forma interpretativa: 
a) Ação racional: Com relação a um objeto (zweckrational): determinando o modo racional referente a fins. “determinadas por expectativas no comportamento do objeto do mundo exterior, como de outros homens, e utilizando essas expectativas como condições ou meios para alcançar fins próprios e racionalmente avaliados e perseguidos”. 
b) Ação social com relação a valor posto: (Wertrational): de um modo racional referente a juízos de valores. “Determinada pela crença consciente do valor – ético, estático, religioso ou de qualquer outra forma como seja interpretado...”. 
c) Ação afetiva ou emocional: (de modo afetivo, especialmente emocional): por afetos ou estados de sentimentos atuais. 
d) Ação tradicional: (de modo tradicional) por costume e hábitos arraigados a conduta do individuo na sociedade. A tarefa daquele que se dedica à sociologia será a de descobrir os possíveis sentidos das ações humanas, desse modo o sentido da ação humana deve ser desvendado. 
De acordo com Weber o objeto da sociologia é: “Sociologia (No sentido aqui entendido desta palavra empregada com tantos significados diversos) significa: uma Ciência que tenta interpretativamente entender a ação social e assim explicá-la causalmente em seu curso e em seus efeitos”. Por ação entende-se, neste caso, a ação humana (tanto faz tratar-se de um fazer externo como um interno de omitir ou de permitir sempre que e na medida que um agente ou os agentes se relacionem com um sentido subjetivo. A ação social, por sua vez significa uma ação que, quanto ao seu sentido visado pelo agente ou agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando-se por este em seu curso.
A sociologia é uma ciência que procura compreender a ação social e esta compreensão implica na percepção do sentido que o ator social atribui a própria conduta. Sentido com definido da ação social: fundação metodológica do sentido.
Para Weber “Sentido é o sentido subjetivamente visado”, entendemos o sentido subjetivo indicados pelos sujeitos da ação. 1) Existente de fato: Um caso historicamente dado. A) Como media e como aproximação numa determinada massa de casos. 2) Construído num tipo ideal, com atores deste caráter. 3) Os limites entre uma ação com sentido e um comportamento simplesmente relativo. Weber construiu conceitos sociológicos básicos para a consolidação da sociologia como ciência. Suas teorias e conceitos se desdobram em outras analises sociológicas e até hoje influenciam ao desenvolvimento da Teoria e metodologia cientifica. Cabe-nos ler os escritos e comentarios para entendermos a sociedade...