segunda-feira, 9 de novembro de 2009

serviços sexuais de jovens masculinos

Embora se distinga em diferentes aspectos dos serviços sexuais femininos, a prostituição masculina insere-se em semelhante arcabouço de preconceitos, tabus e pânicos morais. A questão se torna ainda mais virulenta quando se trata do envolvimento de jovens e adolescentes, situação esta agravada, do ponto de vista do imaginário social, quando esta se processa com pessoas do mesmo sexo.
Apesar, porém, de todas as diferenças existentes, ambas as formas de prestação de serviços sexuais mantêm eixos comunicantes, por serem secularmente tratadas sob a óptica do controle social, da segregação, do regulamentarismo, da intolerância e da repressão. Em ambos os casos, ações estatais, médicas, psiquiátricas, sanitárias e criminais embasam-se na ideologia da “defesa social” (SOARES DO BEM, A. 2006).
Em virtude da existência de um habitus cultural excludente e intolerante com relação à prostituição, são raros os estudos que se pautam por uma postura ideologicamente crítica. Embora o debate feminista elabore inúmeras críticas a muitas representações inscritas no imaginário social sobre a mulher, Guenter (1994, p. 24) salienta que quando se trata de tomar partido de mulheres enquanto prostitutas o movimento feminista entra em pane, divide-se e provoca inúmeros mecanismos de defesa. Com a prostituição masculina a situação parece se agravar em virtude da ausência de vozes politizadas capazes de ancorar demandas em plataformas consolidadas de cidadania, mas, acima de tudo, em virtude da quase absoluta ausência de pesquisas cientificamente orientadas.
Desde que há prostituição, salienta Strack (1996, p. 18), têm se desenvolvido modelos interpretativos sobre o seu surgimento. Normalmente tem se desenvolvido teorias monocausais e são poucos os trabalhos que procuram tratar a questão a partir da complexidade. É principalmente a partir do século XIX que a pesquisa tem se ocupado com a investigação científica da prostituição. Strack (1996) argumenta que grande parte desses trabalhos foi produzida por médicos e criminologistas e seus efeitos provocaram tanto discriminação e estigmatização, quanto pressões para atividades terapêuticas e normalizadoras. Segundo a autora, esses trabalhos foram marcados por modelos interpretativos biologistas, psicanalíticos, econômicos, teorias da convergência, por contraditórias interpretações no bojo de teorias feministas e em poucos casos por modelos interpretativos críticos. Várias foram também as estratégias políticas dinamizadas para tratar a prostituição, aí podendo ser citados o proibicionismo, o regulamentarismo e o abolicionismo. Inevitavelmente, ao nos vincular à pesquisa sobre a prostituição masculina, teremos que levar em conta esta herança e procurar entender de que modo ela atua sobre este campo específico.
A prostituição de adolescentes e jovens do sexo masculino reúne uma gama de elementos que permeia a relação michê /cliente. A interação que se estabelece entre quem oferece serviços sexuais e quem paga para obtê-los é das mais complexas e supostamente não se reduz a uma relação meramente mercantil. O profissional do sexo e o cliente estão inscritos numa rede social marcada por uma profusão de sentidos socialmente construídos e compartilhados. A prostituição masculina viril se inscreve, portanto, em um espaço que articula uma complexa rede de serviços, símbolos e significados e que a situam além da experiência fenomênica do próprio “programa.”
No senso comum, há um discurso sancionado na população ou em determinados segmentos da sociedade, que adolescentes e jovens são estimulados por fatores sociais e principalmente econômicos para o trabalho sexual. Assim, ao reduzi-los à condição de vítimas, contribui-se para destituí-los da condição de “agentes cognoscitivos” (Giddens, 2003), com competências para entender o mundo e justificar as próprias ações. Ressalte-se que temos um enorme desafio pela frente: tratar criticamente a questão, não nos furtando, no entanto, do entendimento circunstanciado dos limites teóricos e práticos da autonomia, levando-se em conta pressões simbólicas da sociedade global atuando sobre a subjetividade desses jovens e, principalmente de adolescentes, que se encontram em processo de individuação.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

estigmas nos grafiteiros de banheiros

Podemos identificar nos grafites a estigmatização de várias ordens destinadas para a prática sexual. Para Goffman(1975), a definição de estigma será dada numa relação em que são atribuídos comportamentos e expectativas que revelem a pessoa com defeito e não vista como “normal”. Assim, a pessoa estigmatizada e normal está em um comunicante processo social das condutas.
Quando as pessoas escrevem uma mensagem assumindo o seu desejo sexual, elas estão conscientes que veiculam uma linguagem, manipulada por elas e isso leva a pensarmos que o estigma está no discurso das mensagens deixadas nos banheiros. Já aqueles que respondem condenando ficam numa perspectiva de normalidade. As manifestações desses estigmas serão feitas pelas duas perspectivas segundo Goffman( 1975) entre normal /estigmatizado e estigmatizado/estigmatizado. A visibilidade do estigma nas mensagens servem para comunicar à pessoa quem possui o estigma e a transmissão dele. Fizemos os agrupamentos das mensagens por atributos que são revelados em suas maneiras de exporem pelas informações escritas.
As mensagens são inicialmente reunidas como um todo, depois classificadas de acordo com o interesse da pesquisa, isto é, pelo banheiro onde se encontrava e o Setor de aula. Agora estão organizadas no sentido de constatar a manifestação das práticas sexuais através dos estigmas que só aparecem nos discursos dos grafites sob forma de deboche, zombarias e brincadeiras. Alguns grupos são apenas constitutivos do corpo da catalogação das mensagens, sem nenhuma implicação aparente com a teoria do estigma de Goffman (1975).
Em banheiro público, podemos constatar uma porta específica, onde são colocadas as mensagens, embora existam casos de certos banheiros em que o grafite se generalizou por todo o ambiente. Isto ocorre pelo fato de a mesma cabine onde está a porta com mensagens, ser a mais utilizada pelas pessoas. No momento em que usa a cabine, a pessoa é capaz de ler as mensagens, observar os desenhos e perceber os enfoques de cada grafite.
Os diálogos através dos grafites criam uma relação com os habitués. Uma mensagem gera uma repercussão entre eles mesmos, desencadeando várias respostas com outros teores, reforçando ou acrescendo a mensagem. Percebemos a ligação de quem escreve com que lê e com quem responde. São frases anônimas, porém conhecidas e ligadas por seu poder de impacto e repercussão. A linguagem e o humor são condições primordiais de todos os grafiteiros. O poder de em poucas palavras e com uma frase gerar um tom anedótico é uma característica comum. Os desenhos são feitos a parte da mensagem, quase nenhuma mensagem tem alusão a um desenho ou símbolo que está na porta.
Os grafites com desejos eróticos quer seja as preferências “ativo ou passivo”, práticas sexuais em grupal, relações sexuais entre homens e com mulher, entre outras, intensificam os contatos e a aproximação entre os habitués atentos aquelas mensagens. Os grafites sexuais tornam-se elementos para uma sensualidade construída de um objeto alcançado pelo ler e sempre fantasiado que estabelece no costume de ir a procura de práticas sexuais.
O agrupamento e a complementaridade permeiam o grafite sexual. Algumas mensagens englobam duas possibilidades nos atos sexuais e ainda uma terceira possibilidade, ou seja, pode ter a prática sexual diferente do que até então exercia. Portanto, não podemos definir a prática sexual de modo “essencialista” e naturalista a partir das relações ativo e passivo. São gradações que engendram a sexualidade, não a prática sexual. Da mesma forma, analisamos as identidades sexuais cujo processo de vivência está ligado à pessoa ao longo de sua vida, pois o mesmo constrói e reelabora sua identidade sexual ao longo da convivência com os outros. Verificaremos nas mensagens as possibilidades de atos sexuais em grupo com homens e mulheres.
Podemos observar que as mensagens escritas usam expressões populares como meio de expor quais as pessoas preferidas para o encontro sexual. Os grafites sexuais do tipo ativo e passivo podem ser entendidos a partir do estigma de quem assume a condição de que dá (o receptor) e aquele que e´possuidor. Necessariamente, nesse grupo de grafites, não só se assume a preferência exclusiva por ser passivo e ativo na prática sexual, mas de ter uma escolha que de acordo com a forma e as circunstâncias do encontro, a própria inversão em que se inscreve a relação sexual, possa mudar o princípio do ato.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

PROTEUS

Não tenho certeza quanto a descoberta do amor na vida, do sentir-se amado ser necessariamente uma condição boa ou de ser amado e correspondido como algo delicioso. Amar é um tormento,uma construção dolorosamente expecional cada vez que amo. Casar o meu sim com não do outro é dificil. As pessoas comentam o contrario disso, dizem que amam tranquilos e em paz com referencia as proprias experiencias. Mas, percebe-se por vezes solitariamente amando e noutras pior ainda, na dualidade de ambos os envolvidos se perguntando: E agora? Embora haja outras pessoas envolvidas na relação: parentes, amigos e etc e tal coagindo para manter a relação.O amor se perde.
Quando se ama, no meu entender, os sentimentos são levados ás mais "dificeis ginásticas" existenciais.Questionamentos implacaveis sobre o objetivo da vida e outras situações embaraçosas. Vexames em publico, fica-se mais sensivel aos acontecimentos.
Primeiro, aceitar o "amor" gera ansiedade que começa a se espalhar pela vivencia quando ele invade violentamente tudo igual ao vento que invade um quarto e apaga uma vela e escancara a porta encostada. Ama-se no escuro e com o ar circulando. TEm que ter capacidade de sublimar e transfigurar em arte esse desejo recolhido. Depois querer ser amado e correspondido na mesma medida, se é que há medidas para isso. Então, já se foi meio mundo de sono perdido, doses cavalares de remedios contra dor de cabeça e por ai se vai, até o sim do outro ser amado.
Menos complicado e indefinido do que caos amoroso no outro: palavras viram metaforas, assombrações se reencarnam nos gestos, pensamentos emergem sem mais nem menos...Confunde-se amor por amizade, rótulos apenas, amor ou humor...Já não há limites e fronteiras estabelicadas. Álias, cada vez que amamos alguém nossos parametros são refeitos.
A experiencia de amar é tão especial para nós e para o mundo que vivemos, pois sem elas não saberiamos dimencionar sempre a vida coletiva. Aguentar a rotina diaria e projeta-se para o futuro realizando os objetivos que queremos e que agora são importantes porque amamos.

domingo, 4 de outubro de 2009

Coloquios

Gostaria de inicio dizer algumas palavras acerca dos coloquios que realizamos nesses IV anos de existencia. No primeiro colóquio do Colégio Equipe, havia uma certa experimentação sobre o mesmo. Ficavamos imaginando o que dizer a todos os alunos presentes: algo que pudesse atingi-los como mensagem e nada "conteudista curricular" das materias, isso não é tarefa fácil. E é exatamente neste sentido que iniciamos o colóquios.
A principio, fomos tomados por uma sensação e função de modificar a maneira de pensar e agir na sociedade. Aguardamos a cada coloquio feito...e vimos os resultados nos anos posteriores: de forma indireta os alunos perguntavam sobre o tema do proximo ou refletiam sobre questões expostas: a cidadania, a ética, saude e as mudanças sociais. Ou seja,o coloquio deixou de ser uma conferencia e passou a ser assunto diário dos nossos estudantes. Podemos está em aula, no intervalo, na hora da saída e da chegada conversando sobre nossas vidas. O importante é estarmos juntos e pensando sobre a nossa cidade. O interessante é termos um estado de espírito voltado para a amizade solidária e que busque o conhecimento que liberte-nos dos nossos problemas sociais.
Nesse pequeno relato sobre o coloquio, peço licença aos demais professores que me ajudaram a construi-los ao longo dos anos, e convidar a todos os que me leem para que sejamos filósofos, assim como foram os gregos antigos que discutiam e celebravam a vida de forma artística e dionisíaca o conhecimento, que viviam tramas e tragédias sociais mas se espelhavam sempre nas idéias de força, beleza e liberdade e transformavam suas dores e alegrias em obras de artes. Para isso tinha a função a educação e arte na Grécia antiga. Eles que desde a infância eram educados para o esplendor da vida corpórea, intelectual e artística. Assim, imitá-los para se tornar inimitável e que cada um seja um grego ao seu modo.
Nós e os gregos temos coisas em comum quando entramos na escola. Devemos nesses colóquios cultivar a arte de falar bem, de viver bem e de saborear o prazer de estarmos vivos e sem culpa, assim como viveram na Antiguidade o povo de Atenas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O ser(tão) no sentido das pesquisas sociais

Ao escrever e se falar sobre a vida nos Sertões do Brasil, e em especial sobre o sertão do Nordeste, temos sempre um exposição do senso comum acerca do mesmo. Aqui,procuro expor aspectos são coletados em uma pesquina relizada há anos atrás. Os dados nessas exposições sobre o modo de vida dos rural nordestinos buscavam conjugar imagem e produção etnografica. Assim, foram construídas ao longo do tempo imagens às vezes deturpadas do homem e da mulher na cultura sertaneja para reforçar a idéia de atraso e preconceitos. No nosso processo de observação participante aguçamos a partir das práticas de pesquisa antropológica elementos que distorcem a idéia comum, conseguimos obter nuances que destoam com esses estereótipos e revela-nos uma nova interpretação mais plausível das expressoes masculinas e femininas existentes na cultura local.
O sertão Nordestino é um importante campo de pesquisa para a análise da categoria de gênero expresso na cultura. Conversando com os moradores, observando arrumação da casa, as atividades feitas nos trabalhos e outros aspectos de forma geral, podemos constatar que existe uma demarcação de utensílios, gestos e comportamentos pertencentes a esfera do genero, assim, procuramos desenvolver uma significativa análise dos mesmos no espaço rural por um mapeamento da sociabilidade dos mesmos.
Diversas teorias sociais são produzidas a partir das pesquisas sobre gênero. Algumas podem ser agrupadas de forma simples em três eixos: A divisão de gênero surge com gênese na ordem mitológica e imaginária da formação cultural, a separação dos gêneros aparece a partir da divisão sexual do trabalho, das estruturas reguladoras da economia e política e a noção de gênero oriunda da distinção anatômica dos sexos (SCOTT). São teorias que podem se desdobrar em complementação e também em contradições. Procuramos elaborar a nossa análise de gênero no sentido relacional e de agregação do ser humano na história da sociedade local, nesse caso a comunidade de Bom Sucesso ( Santa Cruz – RN) com seus detalhes específicos.
O escrever como resultado da pesquisa nos revelou outra dimensão. O redigir um texto esta mais voltado para uma comunicação acadêmica em congresso, eventos e publicação do que para o próprio universo da pesquisa. Dar um corpo textual tanto em imagem como em etnografia para a aquilo tudo que está sendo observado e captado é uma tarefa bastante complexa. Estamos conscientes de que o que escrevemos e fotografamos é uma interpretação.
A etnografia foi realizada no sentido denso. Geertz (1978) defendemos a idéia de uma etnografia que busque a particularidade ( procuravamos os universais), não aceitando uma explicação casual, tendo em vista a influência de Weber e Semiótico no estudo dos fenômenos sociais pelo próprio Geertz. O mesmo define três características importantes para a descrição etnográfica: a condição interpretativa, o fluxo do discurso social e a própria interpretação envolvida por extinguir-se e fixa-la (uma característica microscópica).
Na análise de início tomamos a observação sobre os núcleos familiares e as relações de parentescos. A composição das famílias são numerosas, a média de filhos varia de 4 para 7, chegando a ter casas com 10 filhos. As atividades manuais são passadas de uma geração a outra como forma de manter a herança recebida. Os trabalhos constituem importantes elementos de sociabildade na faixa etária e de gênero.Um individuo bem integrado na cultura local está em constante interação com os afazeres da roça. Os mais jovens aprendem com os parentes mais velhos a trabalhar e a se agruparem enquanto homem e mulher. Ao observarmos as atividades de lazer podemos ver que as mesmas são uma dimensão constituidora do sentido relacional do gênero.
Em suas relações sociais para a produção econômica, os moradores de Bom Sucesso revelavam o sentido e as relações entre homem e mulher bem como entre eles próprios ao designar o trabalho doméstico e diário. Podemos afirmar pela pesquisa feita a partir da etnografia e a captação de imagens fixas que as ocupações obedecem aos modelos não tão rígidos quanto poderíamos pensar. Dois casos relatados pelos moradores acerca de uma mulher que fazia o pastoreio do gado e de uma menina que criava pássaros ficaram explícitos.
A caça de animais silvestre e a criação de pássaros estão associadas a um processo de sociabilidade de meninos e adolescentes. È típico observá-los andando pelos quintais e estradas com suas gaiolas nas mãos como mostra a fotografia. Em suas conversas observamos o valor de ter capturado um determinado tipo de pássaro. A Captura e o abate deles por baladeira é um valor que pode estar ligado a ascensão de ser homem. Ficou difícil de registrar esse momento pois o horário em que ocorria era diferente do momento da pesquisa.
A maternidade é um elemento que agregamos a condição de ser mulher quer seja na condição familiar ou num amamentar porcos recém nascidos como mostra a fotografia. A senhora da foto relata que a porca deu cria a muitos filhos e por isso não é capaz de amamentar sozinha. Assim, ela prepara o leite que dá aos filhotes da porca. Nota-se que os animais de pequeno porte estão sobre o domínio das mulheres. A criação e o cuidado com alimentação e água de aves, porcos e até cabritos estão na responsabilidade das mulheres.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

REVERBERAÇÕES

Não sei por qual motivo, mas tive a vontade de escrever. Já fazia tempo que isso não acontecia,a semana teve isso, um instálo em poucos instantes enquanto assistia ao filme: Jornada da Alma e as cenas em que vi a personagem Sabina escrevendo seu diário e também Jung em suas cartas para Freud, me tocaram e relembraram o velho e bom costume que tinha esquecido.
Do mesmo modo memorável e desprecupado que me chegou as mãos o livro de Nietzsche: “Assim falou Zaratrusta” , folheando e lendo passagens a esmo, lembrei-me dos momentos que escrevia poemas soltos...o certo é que a semana foi amolecendo o coração que do peito migrou para as mãos e os dedos escorrem os sentimentos e as palavras se forma em existencia.
Ou ontem e hoje, estou num estado pensativo. Um tanto triste, talvez reflexivo, se é que tristeza nos faz pensar em algo. Possivelmente sensível e até com vontade de chorar...os motivos não sei ao certo, só somatizo que tenho isso. Razões sentimentais, não necessariamente nessa ordem.
Estou tentando descrever imprecisos sentimentos que me acompanham há dias e quiça semanas. Busco cristaliza-lo nas palavras, pela palavra liberta-los, mas eles me invadem sem pedir licença, se é que algo pede educadamente a permissão para entrar ou temos o poder de selecionar a que queremos sentir. Desejo se escreve, já sentimentos formam-se e se estruturam. Quero separá-lo da minha existencia e ficar observando-os a uma mínima distancia e na sutileza de olha-los como o fazem os cientistas com seus objetos, adora-los. Então isso já foram palavras e tempo suficientes para demonstrar que o assunto é sério, e ao mesmo tempo sentimental. E é assim, devagarzinho e com astúcia que vou até o ultimo momento em que sou abandonado pelos sentimentos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A gosto

Já pediram a mim emprestado várias coisas: dinheiro, livros, Cds, filmes, camisas e etc e tal. Nunca pude imaginar que o espaço de um blog fosse pedido emprestado. E isso aconteceu...Então, como bom samaritano que sou emprestei.Houve uma época que pedia os livros dos outros para poder ler e escrever o que sentia e pensava. Depois disso, escrevia com o dono das palavras no papel. Doei esse espaço para Ozaias, o verdadeiro dono dessas palavras que seguem. A razão para isso é que além de ser uma pessoa talentoso e que precisa ser valorizada, ele e as palavras dele podem emprestarem aos outros oportunidades de si pensarem e sentirem, respectivamente nessa ordem.

"A - gosto"

Dizem que agosto é o mês do desgosto
Mas que gosto tem o desabor?
Ora, se é desabor não tem sabor.
O não-sabor não seria uma forma de sabor desqualificado pela maioria dos paladares?
Convicções, certezas e verdades...
É assim que as pessoas fazem quando saímos do padrão geral; o paradigma, como dizem os letrados.
Vira tudo um desgosto; uma bagunça de emoções.

domingo, 30 de agosto de 2009

TÓPICOS SOBRE A TEORIA DE VYGOTSKY

A teoria em Vygotsky para se entender o processo de ensino-aprendizagem, tem como ponto de partida, a explicação de que especifico do ser humano, a sua consciência, é a base para adquirir o saber. A partir dai, o estudo e a pesquisa dele está voltado para o social no desenvolvimento humano, no qual é denominado pelo autor como funções "psicológicas superiores". É em cima da base biológica (descatar toda a teoria genetica e hereditaria como fonte de saber) e no funcionamento psicológico que Vygotsky forma "a teoria luria". É necessário lembrar que a obra de Vygotsky é essencialmente uma obra inacabada (devido a sua morte prematura), mas é uma teoria completa em si e bem-elaborada no sentido pedagogico. As idéias e hipóteses do mesmo continuam sendo desenvolvidas e ampliadas atualmente, podemos citar Wersth, divulgador das teses de Vygotsky no Ocidente.
Ao mediar pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria formas de ação que o distinguem de outros animais. Sendo assim, a compreensão do desenvolvimento subjetivo não pode ser buscada em propriedades naturais do sistema nervoso, mas na interação do homem com o meio.
As funções mentais são organizadas a partir da ação de diversos elementos que atuam de forma articulada, cada um desempenhando um papel naquilo que se contribui como sistema diferente nas mentes.
Enquanto sujeito de conhecimento,(EPISTEMICO) o homem não tem acesso direito aos objetos, mas acesso mediado (FEITO ATRAVES DOS RECORTES DO REAL OPERADOS PELOS SISTEMAS SIMBÓLICOS DE QUE DSPÕE)
A mediação, em Vygotsky, inclui dois aspectos: refere-se ao processo de representação mental e a idéia de sistemas simbólicos que se interpõe entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Esses aspectos são complementares.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O SEGREDO DE FÁTIMA

Antes de dormir, o telefone toca insistentemente. A voz é rápida na mensagem: Pode preparar a roupa preta. Amanhã bem cedo vamos ao velório... A mãe dele morreu. Fico alguns segundos em silêncio para confirmar que irei e depois marco o horário de passar na casa dela. A notícia caminhou comigo até o quarto e antes de fechar os olhos na cama, e assim como adormeci com a consciência disso, também acordei com o mesmo pensamento em luto. Até parecia que isso estava acontecendo comigo e de fato a existência de rituais fúnebres vinha em seqüência. Lembrei do último velório que fui e dos parentes já sepultados. O velório voa se somando com o tempo.
É de manhã, o dia esta só começando, mas o calor já se espalha nos cantos da casa e na cidade. Era preciso levantar-se, vestir-se e ir. Planejo o que deveria fazer enquanto bebo café. Quando chego ao portão da casa, toco a campainha, demora-se a atender. A mãe me recebe com o sorriso rápido e manda entrar. Fico na área como costumeiramente faço: ... Ainda está no banho. Imagino que cante no banheiro, do jeito que é. Sorrio sozinho. Na espera solitária, a mãe trás um material da faculdade que ela faz, mostra as disciplinas e se diz entusiasmada. Minutos depois, aparece esfuziante na minha frente, cabelos molhados e com uma blusa escura. Diz: Estou quase pronta. Vira-se e volta para dentro de casa, não me deixa falar e retorna com uma bolsa. Saímos pelas ruas vazias em direção ao terminal de ônibus, enquanto andamos apressados, me conta detalhes de como recebeu a notícia, de onde era o local que já não sabia ou tinha esquecido e que tenta loucamente ligar para num sei quem, mas que deve está dormindo a essa hora e que não tomou café e isso e aquilo. Não é irritação. É o seu jeito de existir. Chegamos ao terminal de ônibus, uma pessoa da empresa informa que o coletivo acabou de sai e vai dar a volta pela cidade. No mesmo instante nos dirigimos rapidamente a uma padaria da esquina, ela compra um achocolatado e salgados: uma empada e uma coxinha. Olho admirado e falo: é muito! Ela diz desaforadamente: no meu estômago cabe mais. Seria uma forma de superioridade e dominação em mim.
Fomos até a parada de ônibus, passa um alternativo e desistimos, ela ao telefone descobre o nome da funerária e local exato. Tenho a impressão de está perturbada, não tem aquele ar cômico e romântico das vezes que nos encontramos. Pegamos o coletivo lotado, motivo suficiente para dizer: não vou tomar o café. Umas quatro vezes e que se encontra dentro da bolsa em pé. Acredito que o café dela a essa altura seja uma mistura de tudo que foi comprado. No percurso, de dentro do ônibus, vai me mostrando um local onde morava a avó que subia uma ladeira para lavar roupa. Dá alguns detalhes da vida da ancestral e fala laconicamente que não sabe o que vai fazer quando o pai, a avó ou a mãe morrer.
As pessoas começam a descer, ela se ajeita numa cadeira vazia e faz o seu café da manhã ali mesmo sem cerimônia. Devora a empada educadamente que se esfarela na blusa e na bolsa feito confete de carnaval, bebe ritualmente o achocolatado, me entrega a cochinha: toma, come isso! Tô cheia. Enquanto como, falo de uma colchinha que já experimentei na escola que trabalho, mas pouco adianta, o pensamento dela dá círculos em torno do momento de encontrar o amigo no velório. Ainda comenta baixinho: ele não merecia isso... é um irmão que eu não tive. Ao contrário daquele traste lá de casa. Como se pensasse consigo mesma e eu fosse apenas uma caixa de ressonância.
Enfim... descemos no lugar mais próximo, a rua está movimentada. Não era de se estranha, pois se tratava de um bairro de vendas populares. Os camelôs de CDs e DVDs aproveitam a situação, expõe músicas e vídeos de Michael Jackson. Gritos, Uivos e batidas sonoras nos saúdam pelas calçadas. Comentamos sobre a morte dele. Fazemos um zig-zag entre transeuntes, ambulantes e vendedores. Sons, imagens e todo o tipo de aguçamento dos sentidos nos afetas como um bombardeio.
O tempo é curto e rapidamente chegamos a funerário. Na casa funerária, nos informam onde se localiza o centro de velório. Andamos mais um pouco e chegamos lá. São várias alas que são denominadas de capelas. O corpo está sendo velado na última dela. Assim que adentramos, ela o avista logo visivelmente abatido, olhar cansado, voz tristonha e entre soluços e lágrimas nos acolhe. Outras pessoas se aproximam e cumprimenta-o, ele nos leva até o caixão e um ar sacro e silencioso nos toma naquele momento.
A pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima está na parte de cima, a mãe dele esta coberta com um véu branco entre flores que lembra a própria santa. Tem o onomástico Maria de Fátima. Ele irrompe minha observação contando como foi o processo de falecimento, os anos em que lutava contra o câncer. Pensei que iria repetir a mesma história varias vezes naquele dia para todos que chegassem lá.
Ainda tive tempo de lembrar quando no dia posterior ao domingo das mães. Ele tinha me dito que ela contou algo em particular que o impressionou bastante. Guardei isso como quem esconde um segredo. Naquele momento não ousei buscar a revelação. E mais gente vem chegando. Sentamos numas cadeiras próximas ao caixão, ela já observa as velas e diz indignada para mim: as velas não são reais.
O rapaz chegou e sentou em volta dos amigos da faculdade, emocionado e perplexo com a cena em que ele dirigia e também era guiado pelas horas. Timidamente e melancólico relata fatos e acontecimentos. Aproveitei da minha pequena libertinagem e comecei a falar sem o rigor da ocasião. O que dizia levavam ao riso contido das pessoas e do próprio órfão, embora tivesse lágrimas nos olhos. Nunca fui medroso em relação à alma e aos mistérios da pós-vida. Por sua vez, percebia que ela se contorcia por dentro e tinha um comentário final para os casos que se dizia. Aos poucos, os desconhecidos das cadeiras se dirigiam com perguntas para mim. Os nomes apareciam e outros se despediam.
Novas pessoas iam chegando e ele atendia a todos, levando-os ao corpo fúnebre. Ela observava os transeuntes e nesse olhar que vasculha encontrou o que buscava. Reparou o irmão dele. Cutuca-me e diz baixinho a mim: “Adorei, o irmão dele.” E gradualmente se confundia as cenas que oscilavam nas circunstâncias das palavras que eram brotadas. Por ser quem é, ele humoradamente me ameaça: “mando você rezar”. Certo calor acentua as horas que estão em processo. Esta manhã não tinha fim, penso isso enquanto ajeito minha camisa. Seriam as primeiras horas da desfiliação e da orfandade de um rapaz e eu participava daquele rito. Quais os mistérios que povoam essa celebração ou só haveria um único e infinito mistério nos circulando?
Ouviam-se inutilmente os rumores e cochichos das pessoas. Novos choros contidos, apertos de mãos e gente assinando o livro de presença. Homens de termos chegando a passos lentos e outros saindo. Em dada hora, acredito ter ouvido um galo cantar. Nesse instante impreciso, percebi que a celebração eucarística começou. Todos espontamente se aglomeram em volta do sacerdote e da mesa ao lado do caixão. Nesses momentos se acentuam a dor das emoções.
Assim ocorreu... e todos nós saberemos uma dia.

sábado, 18 de julho de 2009

CAFE

Fazer café é um dos tantos mistérios na vida diária. É como se o sagrado das horas, diferente daquelas presentes no relógio e nas tarefas, estivesse ali presente. Num momento de pausa para suspirar e recompor as esperanças. Na casa da minha mãe se tem instante singular para ela e todos os presentes, é a hora do cafe da tarde. Poucos conseguem prepará-lo com habilidade e talento. Tal a importancia do instante que nunca se pensou em comprar uma máquina para fazê-lo ou usarmos o café solúvel. Com tantos anos de praticas, ela conseguiu fazer dos filhos e filhas, seus discípulos na preparação e na apreciação. Há um ponto em que se une ela e o preparo do café: Singular com o modo de colocar a quantidadeno de água no fogo, pôr a vasilha e o coador na mesa. Depois, as colheradas certas de café e açúcar. Daí, despejar a água quente e pronto. Quando se de tarde, o café preto é coado e seu aroma se espalha lentamente pela cozinha. Tal como uma mestra em alquimia...e em torno da mesa vem vindo gente para beber, feito um sacramento: uma fila de devotos a provar. Qual o segredo daquele preparo para ter a legião de tantos seguidores e devotos do sacramento. Seria o açúcar demais ou o barulho da água quente ou da colher a mexer na vasilha dando sino da igreja? Os dedos de prosa que se traçam nos goles de xícaras que vão embriagando todos nas conversas.

terça-feira, 14 de julho de 2009

TEORIA DE PIAGET

As teorias de Piaget tentam explicar como o ser humano desenvolve e possui a inteligência. Cabe uma reflexão sobre o que seria o conceito de inteligência em si nas Ciências, mas isso fica para outro momento. Segundo o mesmo, os mecanismos que o indivíduo adquire e desenvolve para TER o conhecimento epistêmico e a própria inteligência em si foram elementos de constantes análises da pesquisa. É necessário ressaltar que a teoria tem base científica com comprovação das teses defendidas e compreende-se um conjunto de conhecimentos psicopedagógicos bastantes difundidos nas áreas de educação, psicologia e sociologia.
A inteligência ( objeto de suas investigações ) em Piaget, seria e é o mecanismo de adaptação do organismo a uma nova realidade. Sendo construída constantemente em novas estruturas, algo dinâmico e volátil com o meio social. O indivíduo vai crescendo de forma intelectual a partir de exercícios e estímulos do universo que o cerca e principalmente pelas trocas simbólicas que ocorrem com ele. Assim, o  físico-corpóreo também se desenvolve nesse processo. O comportamento reflete a interação e os valores adquiridos do ambiente social no qual está imerso. Essa versão é resumida para a abrangência e detalhes que o pedagogo suíço descreve. 
Quanto mais diversificada e complexa for interação social, maior será a estrutura de inteligência. Se o individuo puder interagir sobre o objeto de conhecimento e criativamente responder aos novos desafios postos, isso será sinal de maturação e capacidade de assimilação intelectual, pois ele estará mudando tal objeto. Essa assimilação e acomodação constituem-se em um mecanismo de equilíbrio progressivo do conhecimento.
Piaget elaborou a teoria denominando de psicologia genética. Não há inteligência inata, ou seja, o individuo não nasce sabendo; a gênese da moral (exterior ao individuo) se faz progressivamente em estágios sucessivos em que a criança organiza o pensamento e o julgamento. Assim adquirindo a capacidade de compreender e justificar suas atitudes e a dos demais. A psicogênese não é uniforme e ocorre em estágios não estanques de desenvolvimento mental (dependendo do grupo social a que pertença o individuo haverá variação nas faixas etárias).
A obra de Piaget não é uma didática específica, apenas mostra as fases e características do crescimento da maturação. O conhecimento e aquisição da teoria faz com que os educadores possam oferecer estímulos para um maior desenvolvimento do individuo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

manias

Manias de costinha



Um grupo de alunos e alunas resolveram fazer uma pequena seleção de "manias" minhas. Dai, saiu esse texto:


Quando ler algum texto em sala para todos, ele decora as frases que vem adiante e levanta os olhos para ver quem está conversando.

Assiti a filmes com legenda. Par se ter o costume de ouvir outra lingua. "os americanos dublam todos os filmes, pois so acham o ingles uma lingua bonita.

Não pede silencio. Ele para faz cara feia, para que todos percebam.

Coloca "bom" na agenda de cada um. O comportamento é resultado coletivo. E para se diferenciar dos outros professores.

Faz atividades avaliativas com consultas aos cadernos e livros, para incentivar a leitura e desepertar neles o interesse de estudar sempre.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O arapuca que desbundou no vivace

No final de 1965, surge o bar Arapuca, que se constitui um marco na história da capital potyguar. No recinto do arapuca reuniam-se gente dos diversos segmentos da sociedade para se encontrar e conversar. Embora a predominancia fosse de intelectuais e artistas.
O Arapuca funcionava no bairro do Alecrim. Havia dois outros bares digamos "underground": Pé de Mocó e Brizza Del Maré. Eram Bares populares palafitas no Potengi, na rua Ocidental de Baixo, perto do Paço da Pátria. O Brizza Del Maré tinha uma clientela mais selecionada, aberto para homens e mulheres, sendo o Pé de Mocó uma bar de freqüência por populares, embora essa separação não fosse tão rígida.
De fato podemos observar que os ambientes para a vivência e expressão dos incomformnismo social em Natal perpassam outros aspectos além da cena noturna. Como uma cidade de belas praias e com uma rede de serviços urbanos atuais, a mesma contém uma organização de sindicatos e grupos politizados.
Enquanto isso no âmbito internacional os anos sessenta será um marco referencial para unir os agrupamentos de mulheres, estudantes, homossexuais, negros e outros grupos que se considerassem minoritaios.
A década de sessenta registra grandes mudanças políticas e culturais na sociedade Ocidental. Acontecimentos como a rebelião do Bar Stonewall, em New York, a primavera de Praga e, em Paris, as manifestações estudantis são fatos históricos e políticos até hoje lembrados. O movimento Hippie e seu ideário político da paz e do “amor livre” espalham-se pelo mundo. Vamos perceber nesse movimento a buscada utopia da emancipação dos paradigmas moralistas. O cenário mundial se preparava para o surgimento do movimento político dos direitos politicos das minorias.
Na década de setenta surgem às discotecas. Elas tornaram-se espaço para a sociabilidade noturna e também para a contestação da ditadura militar instalada no Brasil como também a vivência da contracultura da época. De certa forma, a discoteca simbolizou um efeito de moda na época e que o ambiente agregou sa interação entre alienados e os politizados da época. Toda discoteca dos anos 70 que se preza tenta atrair também uma cliente ampla e clima ambíguo, no qual todos os gostos se misturam.
Já em Natal, os ambientes com a freqüência dos que constestam os valores genericos tornaram-se visíveis e tolerados pelos chefes das instituições morais, cada vez mais próximos do centro da cidade e sendo um espaço de atitude de contracultura da sociedade acerca do mesmo. Começam a ser exercida uma tolerância maior para a expressão do desejo do incomformismo social e provincianismo. O top top, situado na av. Rio Branco, próximo ao grande ponto; O saci, nas proximidades da igreja do Rosário; e o Bar do Neto, na Alexandrino de Alencar, no Alecrim.
Nesse período o termo “desbunde” torna-se uma expressão comum a todos. Seria uma espécie de liberação não vinculada com a esquerda e neem com a direita. Para isso, a liberação individual seria muito mais além do que um compromisso político. È possível detectar esse fenômeno nas áreas da música e do teatro no Brasil. No plano musical temos as expressões e atitudes assumidas em palco por Caetano Veloso e Ney Matogrosso e o grupo secos e molhados. Esse último aparece vestido com roupas andróginas, todo pintado e cheio de requebros, chegando a tornar-se um fenômeno midiático pelas letras de suas músicas e atitudes. No palco brasileiro, surge o grupo Dzi Croquete que procurou pelas suas performances questionar também como os cantores os padrões de gênero masculino e feminino. Homens faziam apresentações debochadas e ambíguas, vestidos com roupas de mulheres e cílios postiços, com meias de futebol e sapatos de salto alto. A atuação do grupo provocou o debate sobre a moral sexual entre as pessoas.
Outra experiência próxima a Natal vai surgir em Recife. Entre 1978 e 1981, a capital pernambucana tem em uma área de mangue a formação do Vivencial Diversones. Trata-se de um grupo formado por favelados, travestis e pobres que procuravam unir a marginalidade, os paradoxos de generos e a experiência de pobreza no palco. Vivencial Divesones tornou-se um sucesso de público por ridiculariza os elementos citados com seus atores e atrizes.
Em Natal ocorre a instalação de um grupo performático o vivace. O espaço foi inaugurado em março de 1981 e situava-se na rua Joaquim Lourival. Era uma casa de show e bar. Seus espetáculos baseavam-se em dublagem de transformistas, pequenos esquetes, que ora ridicularizavam os estereótipos sociais, ora faziam apologia ao relacionamento aberto, poesias porcesso, pequenos textos que ressaltavam os problemas vivenciados pelos cidadão comum: a solidão, as dificuldades financeiras, os laços afetivos com pessoas de segmentos diferentes da sociedade, a repressão moral e politica.
A pequena trajetória apresentada quer ser um retrato da história local acerca do assunto.Quem diria que há um fio condutor do arapuca ao vivace e que hoje está presente em ambientes alternativos ao da rota do turismo. Acreditamos que as pessoas da cidade são mais interessantes do que os cenários. Já quizeram transformar Natal numa Miami, depois em Disneylandia e agora em Las vegas tropical...

terça-feira, 10 de março de 2009

Felicidade clandestina nas noites de Natal

Nesse ensaio busco introduzir um resgate historico sobre os primeiros passos para a construção das noites de natal. De inicio exponho alguns dados coletados em entrevistas com pessoas que viveram a 'balada' nas decadas de 60 e 70...Tudo tem um começo e vamos a ele...
No final da década de 50, início dos anos 60, a movimentação das pessoas mais descoladas em Natal se restringia à atual Praça 7 de Setembro, localizada no bairro da Cidade Alta, e à Praça Augusto Severo, no bairro da Ribeira. Esses espaços eram “pontos” de encontros entre eles e para possíveis encontros sexuais com outras pessoas. Uma das gírias corriqueiras dessa época para o sexo era: “fazer o faroeste” conforme nos foi informado pelos entrevistados na minha pequena pesquisa. As esquinas da Igreja de Bom Jesus e Rua 15 de Novembro serviam ocasionalmente para conversas com as pessoas que os procuravam.
Uma figura conhecida na cidade era; Velocidade. Ele tinha recebido o apelido pelo fato de andar rápido pelas ruas da cidade. Em período de eleições, quando ocorriam os comícios e as paseatas pelos bairros perifericos, ou em festas púbicas de grande concentração, os locutores chamavam a atenção das pessoas para a presença dele. Já Rosa Negra recebeu esse pseudônimo pelo fato de ser negro e de sempre estar com um buquê de flores nas mãos que entregava para os transeuntes; ele estava presente constantemente nos arredores da Igreja do Galo. Depois da tradicional missa da noite de domingo, após o funcionamento da faculdade de Direito, e o fechamento das atividades no Teatro Alberto Maranhão, dois ou três populares menos conhecidos começavam a circular pelo itinerário Ribeira – Cidade Alta. Assim, funcionou durante muito tempo a convivência entre os transeuntes em Natal em busca de aventura sexual.
Na década de 60, começa a surgir bares a onde a presença de gente com uma certa contra-culutra já era observada pela sociedade em geral. Poderíamos dizer que seria uma movimentação mais visível em Natal de novos hábitos, inicia-se de forma singular e singela dos bares para as boates. No final de 1965, surge o bar Arapuca, que se constitui um marco na história em Natal, pois nos seus recintos reuniam-se artistas e intelectuais para se encontrar e conversar. O Arapuca funcionava no bairro do Alecrim. Havia outros dois bares: O Pé de Mocó e Brizza Del Maré. Eram Bares populares palafitas no Potengi, na rua Ocidental de Baixo, perto do Paço da Pátria. O Brizza Del Maré tinha uma clientela mais selecionada, aberto para homens e mulheres, sendo o Pé de Mocó uma bar de freqüência quase restrita de homossexuais, geralmente travesti. Para melhor diferenciar as clientelas, podemos afirmar que o brizza Del maré era freqüentado por entendidos e o Pé de Mocó tinha uma clientela de bichas, embora a separação não rígida.
De fato podemos observar que os ambientes para a vivência e expressão das sexualidades e a sociabilidade em Natal perpassam outros aspectos além da cena noturna. Como uma cidade de belas praias e com uma rede de serviços urbanos atuais, a mesma contém uma tímida rede de pontos de descolados, negros e outros grupos sociais. As diversas praias em Natal possuem pontos de referência para a sociabilidade de "nós" como os "outros": As praias constituem um territorio que se articulam pessoas de várias identidades. Em Ponta Negra, por exemplo, as áreas próximo ao Morro do careca são referências importantes e pontos de encontros de felicidades e clandestinos locais e estrangeiros.
A trajetória aqui apresentada quer ser ponta pé na reflexão histórica local acerca do dos bares, boates e points em Natal. Acreditamos que outros acontecimentos virão de onde menos se esperam para mostrar a dinâmica da sociedade e se instalarem na história do lazer e diversão na esquina do Atlantico Sul.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

OFICIO DE RAPAZ

Os garotos de programa (termo generico) se configuram no mercado do sexo de forma visível e impar. Se formos fazer uma analise sem medo do que existe em torno deles, ai sim e é necessario desconstruir mitos e falácias os mesmos.
Os adolescentes e jovens prestadores de serviços sexuais são tão reais quanto as garotas de programa e compõem as nossas vidas cotidianamente. Recebem várias denominações: “boy”, “ garoto de programa”, "masssagista de sauna" e “michê” entre outras.
O interesse é destacar pontos sobre o mercado do sexo viril e as relações com as identidades construtivas e a (des)territorialidade do desejo no próprio espaço social e do corpo. E também desvincular o moralismo religiosos, o senso comum da midia e a visão vitimista dos discursos politicos para com a questão.
Desde a academia de musculação até as grifes de roupas masculinas, eles vão se elaborando na fantasia sexual para a vasta e especifica clientela que os procuram com seus serviços sexuais. Por outro lado, os jovens profissionais do sexo fazem uma mobilizadade social a partir das benesses, perpassam possibilidades de ter instabilidade econômica e acesso a bens culturais. Os mesmos têm desenvolvidos um mercado exclusivo dentro da onda do sex trade e dão contornos para se pensar questões entre sexualidade e a interação dos valores capitais, ou sejam inserem novos elementos dentro das reflexões de gênero, da identidade, práticas sexuais e outras.
A relação econômica dos jovens profissionais do sexo torna-se simétrica a atividade sexual? Não pode-se afirmar que em primeiro plano reside a necessidade financeira e que usa-se o sexo para garantir um rendimento honorário e ao mesmo tempo ter/dar um prazer efêmero. O financeiro se torna um elemento nos serviços sexuais, não é o principal ou o mais importante. Nosso olhar se condicionou a enxergar a questão assim e deve-se desconstruir o adestramento dos valores acerca dos profissionais do sexo.
Dependendo do prestador de serviço, o local e o que vai acontecer o preço vai variar.DAi, a necessidade de relativizar a questão como algo puramente economico.É incerto e improvável entre quem faz e que procura. Existe internamente na prostituição viril, as situações entre os garotos de programa e clientes com outros intercambios que mancham a fronteira: dinheiro e prazer.
Há quem oferece serviços por telefone, coloca-se o número nos jornais e pronto.Ou internet com blogs, sites de relacionamentos e outros. Se dizem “universitários” “rapazes fino trato” e outros adjetivos que moldam-os até as partes intimas com polegadas para as fantasias desejadas. Já os “massagistas” de saunas aparecem são jovens autônomos, e que a noite prestam serviços com massagens. Por fim, há aqueles que vão para rua e em algum bar. Esse grupo seria os despossuídos por estarem contando com todos os clientes e ficarem a mercê dos riscos que a noite oferece. Acredito que são os mais estigmatizados, pois eventualmente, um marginal se passa por garoto de programa e rouba ou comete violência com os clientes. Como já mencionei, isso não quer dizer que são categorias estanques. Alguns elevam na hierarquia e tem ascensão para o topo dessa pirâmide de mercado.
Então, qual o seu oficio rapaz?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Serviços, Mercados e Prostituição....Alguns esclarecimentos

O termo mercado e serviços sexuais podem se transformar numa expressão genérica para se entender as transações econômicas e as relações que permeiam os serviços propostos. Primeiramente, o que existe é uma ampla designação dos termos, onde outras áreas vão se posicionando: Sex-shop, saunas, moteis, casas de massagem, revistas pornograficas, videos pornos e até o turismo sexual operam sob horizontes normativos e regras sociais distintas para publicos cada vez mais específico.
Quero enfatizar que mercado de serviços sexuais se refere à prostituição e os seus distintos meios de divulgação(ciberespaço, anuncios em jornais, casa de shows eróticos...) e não exclusivamente os mesmos em relação ao turismo sexual. Ambas as questões bastante distintas e que por vezes tornam-se uma fronteira borrada por falta de informações importantes.
O proprio termo “mercado” que uso, é diferente daquele comumente entendido por especialistas em negócios, finanças e economia. Existe uma complexidade em designar a relação entre capital e geração de riqueza pelo mercado e seus desdobramentos nas relações de negócios. Na há como negar que, o mercado sexual gera ganhos econômicos e está crescendo constantemente, organiza-se como qualquer empresa na sociedade, tendo suas tendências e valores do momento.
Já o termo Serviço sexual é bastante especifico dentro do mercado sexual e não deve ser confundido com negociação do corpo.Tão pouco entendido como inferior ao mercado mas sim como algo que contra poem-se a exploração sexual que se engendra na infancia e que é compreendida aquí como uma rede de pessoas e profissionais das mais diversas área articulados que evocam uma complexidade de setores envolvidos independentes para fins sexuais e desumanos da exploração infantil .
O que se oferece no serviço sexual pelo profissional do sexo é o saber "fazer" e a atividade sexual, trata-se de uma relação impessoal que tem foro econômico, mas envolve questões acerca do mercado e das subjetividades dos envolvidos. Os serviços sexuais e as relações pessoais não estão tão distantes uma da outra, quando o que se está em questão é atividade sexual. O mesmo abre-se em inumeras possibilidades de encontros e intimidade, além das relações financeiras. E as proprias formas de gratificações são variaveis de acordo com os serviços feitos.
Como esses conceitos agora expostos, busco esclarecer e ao mesmos tempo ampliar a reflexão em torno da problemática enquanto elabora-se novas possibilidades de olhares para o tema sem cair na mesmice do que dito.