sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A morte e Macaíba


A morte se associa a decomposição das coisas vivas. Decrepitude.  Não é à toa que o mangue possui a além da função de "berçário marinho", também a de compor tudo em suas águas salobras. Coincidência: morte e vida num mesmo lugar.
Macaíba é cidade mangue, onde nascer e morrer se confunde a todo instante. O que é sinal de vida é sina da morte ?

O espírito da morte observa a cidade, paira sobre ela em busca de manjedoura feito anjo vestido com mortália negras. Ronda as ruas. Não encontra nada que tivesse visto diferente em outro lugar. Mas, sente algo familiar quiça aconchegante nos olhos dos seus moradores.
Uma ilustre e letrada moradora se faz poeta, inspirada na morte. Ela está grávida da morte e escreve versos como evocação a morte. A moça apaixonada pelo mistério último que é morrer se deixa levar pela dor da doença. Mordendo as asas frias da morte se vai no fluxo da maré.

Um casal rico e comum a qualquer outro se desfaz. Na viuvez, a senhora Machado é desposada novamente pela morte. Agora, a morte se tornou seu companheiro para toda a vida. Qualquer morador sabe que ela ceifa inocentes e se torna uma doama da morte em Macaíba. O ciclo de vida e morte ou morte e vida está em suas mãos a beira do mangue. Na mão da viúva Machado associa-se os lados extremos da existência humana. Essa senhora não se foi como morte, se casou e ao mesmo tempo se tornou viúva.

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