terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Metas Literárias.

 O hábito de ler livros literários se desenvolve de várias formas e também pode ser um costume que as pessoas adquirirem na convivência com outros leitores ou feito um exercício diário e anual. Há alguns anos, acredito que 5 anos atrás, comecei a estabelecer metas literárias. No inicio de cada ano, na segunda ou terceira semana do mês de janeiro, fazia uma meta: ler somente um autor, os escritores de país ou continente e até mesmo uma temática especifica. 

Em 2020, li livros escritos somente por mulheres. Em 2019, durante o ano, os livros escritos por Franz Kafka me acompanharam por 12 meses. Apenas aqueles livros  necessários. Com o tempo, fui refinando a meta literária. Assisti a tutoriais dos autores e temas escolhidos. Ou seja, a meta literária fez com que eu avançasse na pesquisa e no debate do que estava lendo. Lembro que em 2018, li obras da literatura russa. Vi filmes sobre os autores e suas obras. Guardo bem na memória como foi bom essa safra de livros.

Paralelo a leitura estava a escrita. Então, todo ano escrevia, Escrevi cartas para os amigos distantes, mandei bilhetes, cartões postais e escrevi algo num caderno. Ler está associado a escrever. Algumas vezes, escrevia sobre o que estava lendo. 

Essa ano de 2021, comecei a ler livro de literatura diatópica. Estou lendo 1984 de Orson Welles, terminei o Conto de AIA e Testamentos de Margaret Atwood. Na lista, estão Fahrenheit 451 e Admiravel mundo novo e outros que possam aparecer ao longo de 2021. Nesse período de pandemia e governo fascista no Brasil, nada mais justo do que ler distopias.



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

O Rio Grande do Norte e o COVID - 19

" O mundo se esvaziava de todo significado, tudo era oco.Tudo se ressecava. "


Sábado, fui para uma pequena confraternização de um amigo. Antes de chegar para o "petit comitê" já tinha me preparado para ver e ouvir pessoas com pensamento reacionário. Nada como um exercício de respiração e concentração.  A decoração estava linda com motivos carnavalescos, música lembrando os carnavais passados e o distanciamento social das cadeiras e mesas junto com uma garrafa de alcool em gel. Algumas pessoas que chegaram usavam máscaras. 

Na mesa que fiquei, alguns convidados mais tranquilos. Depois vieram dois tóxicos. Uma mulher que recebe pensão por ser filha de militar e um paulista que trabalha em Natal e que arrota vantagem por ser  de São Paulo. Ele só falava vantagens da vida dele. Viagens, a casa duplex, o carro, a plástica de embelezamento facial. Já filha do militar falava uma narrativa de como o seu pai é prestativo, honesto e gente boa. Os dois começaram a falar do governo do Rio do Grande do Norte, entre um copo e outro de bebida. Diziam do desastre de não combater o COVID aqui. Pensei com os meus botões: O estado está sendo o primeiro na lista de melhor vacinação a conta gotas mandado pela governo Federal. O Paulista chegou a dizer que deveriam ter prendido a governadora. Ambos culparam o governo potiguar pelas mortes e pelo alto números de infectados no RN. Nenhum comentário sobre o governo Federal e a vacina. Nada sobre o uso de mascara. Fiquei consciente de que o fascismo não se desconstrói fácil, nem fácil será descontruído. Apenas disse que  além do enfrentamento de uma pandemia temos a questão da governança por milicianos. Eles ficaram sem entender, pois se entre olharam-se e voltaram a conversar. 

Nada demais, quando relaciono a gestão renovada pelo voto ao atual prefeito da capital pelo voto do natalense comum. Um prefeito que faz boicote contra a reunião do governo do RN e depois chama a mídia parceira para a entrevista. Zero de medidas contra a circulação do vírus. Mas, veja a classe media natalense entediada com a rotina de viagens a glamorização das galerias, para eles, as mortes por covid tem que se distantes aos olhos da mesma. Festa somente nos barcos em Maracajaú. Enquanto aos inumeros arrogantes de gente sudestina que vem aqui morar e cospem ou arrotam que de onde vieram era "sem comparação" com Natal. A vida segue nessa esquina do Brasil, sem empatia. Seca e Oca.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Ao Meio Dia

Domingo.

Era silêncio na rua seca. O ar suspenso pela temperatura  calava os cães e a vida pulsava a cada gole de cerveja dentro das casas.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Macaíba e o uso de bicicletas.

 A principal forma de deslocamento nas cidades com a urbanização e o aumento populacional é o uso de ônibus. Diariamente, as pessoas percorrem distancias enormes dentro de um coletivo como único meio de locomoção. Um serviço precário e insatisfatório. Com o passar do tempo e enfrentando novos desafios, cada vez mais constante de chegar ao trabalho ou em casa, buscou-se uma solução individual. Não houve uma politica continua de governo para se somar a outras alternativas ao uso do ônibus. Para se livrar do “nó”, o usuário resolveu optar por comprar um carro ou moto. Desta maneira, engarrafou as ruas com veículos e produziu o efeito de “gente” diferenciada dos outros. Quem usa e quem não usa transporte coletivo, serve como modelo de se ver na cidade. A seguir, mostrarei algumas vantagens para uso da bicicleta, além daquelas que as pessoas comentam em relação a saúde e ao meio ambiente. Não se pretende aqui fazer mais criticas obvias ao que já sabemos sobre o sistema de mobilidade em ônibus. Busco estimular o debate para uma mudança de mentalidade e atitude quanto ao uso racional da bicicleta.

            A engenheira de tráfego busca sempre alargar ruas, abrir novas avenidas e viadutos e assim colaborar para o aumentou do fluxo de veículos. Nos últimos anos a compra de carros e motos dispararam em todo o Brasil.  Esse quadro caótico das ruas com trânsito intenso de ônibus, carros e motos, em nada funciona na mobilidade das pessoas. Só fez adiar algo que é para hoje, pois pouco traduziu a modernidade e o acesso aos bens e serviços relacionados a veículos motorizados. Paralelo a isso, houve o esquecimento e o incentivo ao uso de bicicletas para o deslocamento ou auxílio de quem precisa percorrer uma longa distancia. O chamado sistema modal ( usa-se dois meios de transportes para se chegar a um lugar) não foi planejado visto que no máximo, as pessoas pedalavam como prática esportiva ou lazer nos fins de semana, quase nunca para locomoção diária.

Evidente que há motivos econômicos no uso de bicicletas que estão implícitos e nem percebemos. Primeiro é a desconstrução da indústria do “carro” e do petróleo. Ter um carro é, em alguns casos, necessário, sua banalização no deslocamento é que torna esse meio de transporte um problema. Agora, pense na quantidade de dinheiro e circulação de mercadorias que estão escondidos ao comprar e “usar um carro” ou moto como transporte? Essa indústria só cresce no sistema capitalista.  Sua ampliação vai desde novos consumidores até os estacionamentos em condomínios e nas ruas da cidade. Paralelo a isso, o preço da gasolina em relação a manutenção de uma bicicleta, é bem mais barato.

            A gestão de qualquer cidade renegou o planejamento de ciclofaixas. Parece que não existem pessoas que fazem uso da bicicleta para os fins acima mencionados. Gente que vai trabalhar, a escola ou ao comercio, usando uma bicicleta. Um olhar atento e se perceberá quem são os ciclistas da cidade ( sua idade, classe social, profissão...)

            Recentemente foi implementado linhas de ônibus em Macaíba. Assim, além do taxi e mototaxi, agora os bairros terão linhas que passarão regularmente. Qual o preço disso ? Será que se resolveu a questão da mobilidade? Por outro lado, pedalar cotidianamente em Macaíba é um desafio. Tem certas horas em que ninguém vai ou vem a lugar nenhum. Enfartamos as ruas com todo tipo de transporte de maneira desordenada. Como chegamos a esse ponto? Assim, disputamos com nossas bicicletas um pequeno espaço entre caminhões, ônibus, carros e motos. Depois, vem o segundo desafio: Onde estaciona-las? A carência de lugares para guardar as bicicletas é notória, basta ver a quantidade presas a postes e placas de sinalização.

            Para rever esse cenário de desordem no trânsito, falta de política de monilidade e projetarmos um futuro melhor, é necessário adotarmos práticas pessoais e institucionais para o uso da bicicleta. Não adianta fazer um passeio ciclístico da escola, instituição ou grupo de amigos a noite ou num domingo, enquanto continuamos durante a semana sendo imprensados ou esquecidos pelos motoristas. Uma pessoa que participa do passeio precisa adotar a bicicleta como meio de transporte cotidianamente. 

Qualquer comércio ou repartição na cidade poderia ter bicicletários e atrair clientes com isso, algo simples que estimularia mais pessoas a irem com sua bicicleta para esse estabelecimento. As instituições poderiam estimular os funcionários dando o “vale-bicicleta”, uma alternativa ao vale transporte. Uma vez na semana por exemplo, o gerente pode ir a repartição usando a bike. Na área da educação, os alunos que fossem para as escolas de bicicletas  poderiam ganhar  pontos nas matérias se usassem a bicicleta para irem as escolas. Os professores alternariam o uso carro com uma bicicleta. Alguns lugares no Brasil já fazem isso. De imediato não veríamos resultados na mudança de comportamento das pessoas, mas a longo prazo  seria percebido na cidade.

            E pensar que Augusto Severo usava bicicleta, mas é esquecido nas horas de transito congestionado.