Ensinar filosofia é uma tarefa desafiadora e prazerosa em vários sentidos. A principio sabe-se que é difícil discutir vários séculos de produção intelectual em apenas uma ou duas aulas por semana e depois associar isso ao longo período de repressão e censura em torno da matéria, soa como pregar para os pássaros. Assim se criaram certos entraves envoltos das aulas de filosofia. Vale lembrar que não se ensinar a pensar quando se estuda filosofia, se ensinar a filosofar.
Atualmente, educadores e educandos estão procurando sanar as lacunas acerca das aulas de filosofia e começam a introduzir a vivência da mesma entre no Ensino Fundamental e Médio, e há ainda aquelas universidades que já põem questões filosóficas nos seus exames vestibulares. Para tal intento, a aula de filosofia adotada nas séries iniciais tem alguns objetivos: Criar um sentido de democracia e debate baseado na reflexão combatendo o dogmatismo e os preconceitos do pensamento expresso no senso comum nas séries iniciais, sendo ao mesmo tempo um instrumento de consolidação do saber crítico e da cidadania entre os membros da comunidade escolar.
Por outro lado, corre-se o risco de banalizar o saber filosoficos com livros "best-seller", quadro de programas de domingo ou similares. Todo cuidado é pouco para isso, pois o efeito para se tornar um veneno.
A intenção de ensinar filosofia não é formar filósofos, longe disso. Mas provocar a reflexão inerente a todo o ser humano. Filosofar não é questão de idade, mas de habilidade. De certa forma, somos sempre filósofos quando nos propomos a pensar de vários ângulos sobre questões de natureza reflexiva e das experiências vividas. E por estarmos dando sentido as coisas e, diante dos problemas apresentados pelo existir, tendemos para a reflexão. Então, o filosofar é refletir, buscando novos caminhos e principalmente repensar “as verdades” já prontas na vida. Por isso as aulas de filosofia são a busca de meios que desarmem os envolvidos que estejam dispostos a rever suas opiniões e o posicionamento diante da vida.
Talvez alguém possa contra-argumentar que todas as disciplinas da escola são igualmente capazes de desenvolver o pensamento crítico, isso é uma verdade que não pode ser negada. Não tentamos tampouco dar à filosofia uma prerrogativa de superioridade sobre os outros saberes. Apenas destacamos a especificidade que diferencia de estudar filosofia das outras formas de compreensão do real.
A reflexão sistemática da filosofia, diferentemente das Ciências ou das demais formas de saberes que tem um objeto próprio, se faz a partir da indagação sobre todas as coisas. E essa maneira se faz de modo radical, rigorosa e com um conjunto regras racionais e lógicas, o que supõe a busca coerente dos fundamentos, além de imprimir nesse processo um caráter de interdisciplinariedade, por ser capaz de estabelecer um elo entre todos os saberes.
A filosofia só inicia seu trabalho a partir do que foi pensado ou transformado nas expressões da cultura e da Ciência e evidentemente, não como simples constatação do já feito. Mas como colocar em questão o pensamento e a ação humana? É necessário e urgente um estudo sistemático do pensamento. Sejamos filósofos transformadores a partir da experiência em sala e para fora da própria escola.
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