domingo, 20 de junho de 2010

SER BRASIL OU NÃO SER BRASIL








 " Ser elite no Brasil é virar estrangeiro no seu próprio país." 
( Roberto da Matta)

 

O Brasil ainda não foi pensado como necessariamente deveria, sem a devida atenção e cuidado.  Por não ser pensado como objeto de análise, nós perdemos a oportundade de viver ainda melhor. Isso acarretou sérios problemas sociais ao longo do tempo. Se faz urgente para nós brasileiros pensarmos e buscarmos sistematizar  essas análises para os problemas seculares que vivemos, tais como questões como educação, saúde e organização social. Não estou querendo fazer apologia a marcha disso ou daquilo como nas cruzadas, mas desenvolver o senso análico em cada cidadão. 
O que foi análisado até agora se realizou  de forma assistemática para responder a necessidade e interesses pessoais. Um povo desorganizado é fácil de ser controlado, faltou tradição em teorizar sobre a  nação e os seus problemas, até dificeis de serem transpostos devido a isso. Uma pessoa que gosta da cultura brasileira se faz pensando nela, alguém que se orgulha de ser brasileiro, pensa e quer saber das origens e significados culturais nosso. 
Mas, não é qualquer pensamento idilico sobre a natureza ou das manifestações culturais de Norte a Sul como é costume ver a exaltação nacional que vai realmente mostrar quem somos e como vivemos os nossos problemas. Precisamos usar as Ciências ao nosso favor, e principalmente as Ciências Humanas com coerência e multiplicar as pesquisas nessa área.  Se não houver uma organização teórica e sistemática sobre nós brasileiros, guardando as devidas particularidades; poderemos viver um ciclo de atraso que justifique as desigualdades. O  pensamento social brasileiro de forma acadêmica só veio se consolidar na metade do século XX com as obras de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Junior. Ou seja, recentemente. Temos carências históricas e estruturais a esse respeito  e isso  deve ser superado com teorias que possam pelo menos explicar a realidade que vivemos de forma coerente. Pagamos um preço alto pela ausência de se pensar o "Brasil" como objeto de investigação cultural. Basta vermos o presente e a realidade atual dos segmentos sociais, como também nas perspectivas de planejamento e políticas públicas. 
Não desmerecendo os poucos que ousaram registrar ao longo da história os hábitos e a formação do povo, álias com respeito e reconhecimento devido, pois se não fossem eles, talvez nem teriamos a noção do que foi o processo colonizador e de modernização do país. O que houve anteriormente podemos classificar  como relatos e ensaios sobre "as brasilidades" que tinham como principais expoentes navegadores, padres e aventureiros que por aqui passaram.
Pensar o Brasil e descrevê-lo como realidade fez parte da literatura nacional, os escritores sempre tiveram o interesse em revelar os personagens com suas dramas ligadss ao cotidiano que observam, embora fossem relatadas abstrata, tinham a base nas condições sociais. O que pode-se afirmar foi que houve nas escritas um certo preconceitos imbutidos ao grupos deserdados. Buscava-se justificavar o "atraso" social pela identidade mestiça da população. Isso teve sérios danos para a auto-imagem do ser brasileiro, como diria Nelson Rodrigues: Um narciso ao avesso. O discurso comum do cidadão é sempre de que somos ruins e não temos jeito. A quem interessa a manutenção dessa ideia ? A todos que poderem tirar proveito e lucrar com isso. 
A teoria social pode desconstruir justificativas errôneas acerca  de problemas sociais, mostrar uma nova modelo de imagem que resgate um sentimento de ser únicos com aspectos positivos e negativos. 
A ausência de pensarmos o Brasil, nos faz estrangeiros dentro da  própria cultura. Assim igual ao estrangeiro que não reconhece  os hábitos e os costumes de um povo diferente do seu, existe essa categoria de brasileiros, independente do grau de formação. Não somos piores e nem melhores do que os outros, quer sejam Argentinos, Estadounidenses e Europeus. Os trabalhos cientificos que já aparecem podem servir para atuar na realidade dos grupos desprivilegiados do país. Esses pesquisadores tem conseguido revelar um Brasil e temos que pensá-lo para não desandar a nossa coletividade e sentimento de sermos uma nação pensada.

3 comentários:

Ludendi disse...

De fato, urge se estudar o Brasil. alguns já deram o pontapé inicial, mas está tudo por ser feito mesmo! Isso mesmo, está tudo por ser feito!!!!!!!!

Saiu recentemente uma pesquisa intitulada "a cabeça do brasileiro" do politicólogo Alberto Carlos Almeida. Trata-se de um trabalho sobre o modo de pensar dos brasileiros com relação a diversos temas, tais como, racismo, jeitinho, determinação divina e etc.
Basta dizer que foi muito elogiado pela revista Veja. Daí se deduz o engodo.

Infelizmente é uma pesquisa estatística que não se aprofunda em debate nenhum, afirma coisas do tipo: As camadas mais escolarizadas da população, isto é, as elites, reprovam o jeitinho brasileiro e são menos racistas que as camadas menos escolarizadas. hahaha! Conta outra!! Quem vai acreditar nessa mentira, se historicamente as elites locais foram sempre os protagonistas do racismo e do uso das artimanhas corruptas para o seu próprio benefício??
Nesse sentido, a pesquisa foi um verdadeiro atraso, um passo pra trás, uma vez que desfarça ratificando os valores das elistes brasileiras e as redime das desgraças que ainda hoje as mesmas vêm fazendo.

Então mais do que nunca deveríamos nos preocupar com esse tema, pois nos diz respeito, diz respeito sobre nosso quotidiano, sobre nossa fala e gestos e atidudes diárias.

G. Rafaelly disse...

O Brasil é um país de muitas diversidades, de raças e religiões... Infelizmente, também um país com desigualdades sociais, preconceitos, racismo. Os brasileiros são pessoas alegres, de bem com a vida, acolhedores, infelizmente não sabem "preservar" suas culturas, muitos antes mesmo de conhecer seu próprio país, viajam para outros países e ai aprender outras culturas, mais isso é também porque o país não oferece melhorias de vida, ou até tentam, mais é preciso achar coisas novas, buscar novos conhecimentos...
Mas podemos dizer que o Brasil é um país muito bom, um país que tem muitas qualidades, se não fosse isso muitos estrangeiros não viriam de seus país para viver aqui...

Bernardo disse...

O Brasil ainda é um país de pensamento elitista, onde pensa-se que somente os governantes detém o conhecimento para fazer as escolhas. Confunde poder com saber e permanece imutável, sendo controlado por uma elite que não almeja mudança. Vivemos em uma política de pão e circo. A copa do mundo de 2014 é um exemplo disso. O principal motivo para o povo brasileiro ser alienado por esse sistema é quê, como foi citado no artigo, está desorganizado e possui uma cultura de desorganização. Acredito que o Brasil só passará a ser pensado como objeto de análise, quando houver melhorias na educação e essa tornar-se mais ampla, despertando um senso crítico que seja capaz de mudar "certos pontos" da nossa cultura. Não é suficiente o orgulho ao cantar o hino nacional e ao protestar nas ruas, onde poucos têm a consciência real do histórico por trás de tudo o que ocorre. A ideia de quê "o Brasil é assim e ponto" não pode existir. Para cada problema há uma solução. Contudo antes temos que "solucionar" a cultura e o modo de pensar no Brasil.


Colégio Equipe
Aline Kelly Monteiro Barbosa
1º ano do ensino médio