Para Rose Viol.
Qualquer cidade tem loucos e suas histórias em torno deles. Também há rosas e flores pelos canteiros das praças e Jardins. Os loucos vivem andando pelas ruas, conversando sozinhos ou chamando a atenção dos populares. Vestem-se de forma estranha aos demais moradores. As pessoas sabem um pouco da história, cada louco que transita na ruas tem uma explicação para se tornar louca. As rosas e flores tem suas temporadas para aparecerem
Os homens e as mulheres generosos, censuram quando algum menino ou adulto tenta inflamar a ira de um louco. Sensíveis, lamentam ao ver a cena na rua: um louco em fúria por causa da brincadeira ou provocação. Os outros alheios a generosidade, gostam da diversão e acreditam que o internamento num hospício seria melhor para evitar situações como as quais podemos encontrar.
Havia uma louc na cidade. Ninguém sabia explicar porque ela se tornou louca. Uma mulher alta e elegante que andava dando um passo e depois juntando as pernas. Vestida de branco e com flores e rosas na cabeça, carregava um ramo misturando as flores novas e velhas nas mãos que ela mesma pegava cuidadosamente nos jardins e praça da cidade. Cantava tristemente: "...Terezinha de jesus de uma queda foi ao chão, acudiu três cavaleiros..." Ficava de frente a floricultura a ver com carinho e a conversar silenciomente com as rosas e flores. Ia para frente da igreja e nunca entrava. Após o fim da missa, entregava a cada homem uma rosa e depois sorria. Nas lojas de noivas, a doida das flores observava a vitrine por horas com o pensamento perdido diante dos manequins.
As explicações para aquilo eram as mais confusas. Havia um grupo de moradores que defendiam o seguinte: A louca quando era moça rica. Quando ficou noiva, no dia do casamento, tudo pronto: igreja e festa. Seu noivo morreu numa queda do cavalo. Daí, sua loucura por carregar flores, entregá-las aos homens na porta da igreja e ficar vendo os vestidos de noivas nas lojas. Outros explicavam o contrário: Quando moça, o pai fazendeiro e ambicioso, a prometerá em casamento ao um jovem rico contra vontade dela. No dia do casamento, ela havia fugido e morar longe por muitos anos longe da presença humana. Ao voltar para a cidade, voltou louca. Perdeu toda as relações com os parentes e amigos. A verdade é que ninguém mais saberia explicar o certo, o que aconteceu com mulher que todos chamava: a doida das flores. Não se contava a história direito e as crianças distorciam ainda mais a história da mulher com vestido branco e flores na mão conhecida como a doida da flores.
A idéia que dominava a mente das pessoas era que a louca das flores carregava uma culpa pesada e de tão pessada foi que enlouquecera. Estava sendo castigada por alguma coisa, pois perdeu a razão. E assim, vivia no meio das pessoas na cidade. Amada ou ridicularizada.
Era hábito das pessoas provocá-la para ouvir desaforos da boca. Vê-la descabelar-se, pegar pedras e jogá-las, dizer disaforos com palavrões e versos biblicos. Qualquer um que gritasse: seu marido morreu !!! Não houve casamento! Pronto. Estava formada a confusão na rua.
Certa vez, três rapazes que estava voltando da escola, resolveram provocá-la. Virão a louca das flores deitada num banco da praça. Deram urros e gritaram desaforos. Nada aconteceu. O mais velho organizou nova investida. A partir da ordem dele, todos jogariam as pedras. As três pedras bateram, com intervalos curtos. Parecia não ter acordo com as pedras. Resolveram passar novamente correndo um a um e irem puxando e arrancando as flores das mãos. Não houve reação. O rapaz do meio resolveu derramar um copo sujo com água em cima dela. Não esboçou nenhuma ação. Pensaram: a louca devia está preparando um momento para pega-los. E de tanto provocá-la acabaram desistindo da brincadeira.
Somente o mais velho resolveu ficar. Os outros dois partiram. Aquilo lhe inquietou o coração. Ele foi se aproximando lentamente dela. Passos feitos com cautela. A louca se contorceu. Parecia que estava falando alguma coisa. A boca remexeu e falou baixo. Todo o desejo de maltratá-la desaparecera. naquele instante. Talvez estivesse sentindo alguma dor ou um movimento trêmulo, pensou ele. A medida que chegava mais perto virá que não estava a doida das flores fazendo alguma armação.
A mulher gemeu com as flores agarrada no ventre de modo que ele entendeu. O rapaz se combadeceu. Ficou aflito com a ideia de que havia uma mulher no meio da praça que parecia está passando mal e ninguém via aquilo. Nem lembrava mais que ela era doida. Desajeitado, colocou a cabeça no colo dele, alisou carinhosamente os cabelos e foi quando ela abriu os olhos verdes que ele nunca tinha reparado nisso. Não era água que queria, era remédio ou médico... Gritou quase berrando para os transeuntes: chamem a ambulância, ela está morrendo. O desepero apoderou-se de seu coração. A louca das flores simplesmente falou: não me deixe só, por favor. Fechou os olhos e morreu. O rapaz permaneceu da mesmo jeito até a ambulância chegar e levasse o corpo desvalecido.
10 comentários:
gostei costinha! :]
Olá amigo! estou gostando muito dos seus contos! beijos. Estou esperando sua visita.
Lu
em algum momento eu lembrei da velha de Grandes Esperanças...
Assim como as crianças, devemos ouvir os doidos e o bêbados, eles sempre falam a verdade. LEMBRA DE BAFO DE BODE?
adorei ess ahistoria priofessor ele e mesmo de mais gistei muito
enzo
gostei professor ficou legal
Loucura...será que de fato existe, ou a criamos para indicar as pessoas que não seguem as regras da nossa sociedade hipócrita? As pessoas devem ter liberdade de ação, sem se preocupar com os julgamentos. Loucura na verdade, é seguir tradições, costumes, sem saber o porquê daquilo. Loucura é ser como robô, ter atos mecânicos. Os que a sociedade chama de loucos são apenas diferentes.
Adorei os contos.Parabéns pela criação. A arte é intrínseca a você.
exlente essa história gostei muito da sua aluna do 6 ano stefany
Muito legal.
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