quarta-feira, 21 de agosto de 2013
POEMA DE FÁTIMA
A mendiga cata porcarias.
Anda pelas ruas e becos,
vasculha amontoados,
trilha as calçadas e seus esgotos.
Na pracinha dos alternativos,
dança ao som do grafith
veste-se de trapos pretos.
Pede trocado um,
Esmola aos passantes.
Vai para rodoviária,
fala dos filhos e das feridas,
chora como Madalena arrependida.
Aos mototaxis mostra os peitos.
Grita; oh ! Situação !
Para o povo.
A mendiga quer coloca Macaiba.
Dentro da vagina.
domingo, 18 de agosto de 2013
Arcanjo cafuçu
final de tarde,
De um dia qualquer
No cruzamento: carros e sentimentos.
De súbito, assalto.
Ouve-se da igreja do galo, o sino.
Ao pé do ouvido a voz grave.
O mistério acende o sinal.
Braços morenos largos
Mim cobrem feito asas.
Duas mãos àsperas possam nos ombros.
Os aneis dos dedos queimam.
O meu corpo ancorava entre desejos alheios.
De um dia qualquer
No cruzamento: carros e sentimentos.
De súbito, assalto.
Ouve-se da igreja do galo, o sino.
Ao pé do ouvido a voz grave.
O mistério acende o sinal.
Braços morenos largos
Mim cobrem feito asas.
Duas mãos àsperas possam nos ombros.
Os aneis dos dedos queimam.
O meu corpo ancorava entre desejos alheios.
sábado, 10 de agosto de 2013
O silêncio e a Cidade
Em nenhum canto há silêncio constante, ele está
desaparecendo, ficando raro e se evaporando de qualquer lugar da cidade.
Ao contrário...barulhos, gritos ou
agitação estão presentes nos espaços públicos e no cotidiano dos moradores. Até sozinhas nos
espaços públicos, as pessoas dão um jeito de portarem algum som. Ruas cheias,
carros de som anunciando de velório a reunião, motos velozes, transeuntes rápidos ou aglomerados em grupinhos sufocam o
silêncio. Nos lugares onde deveriam ter como princípio a pratica de silêncio ou da conversa em tom baixo, ouve-se o barulho. Estou descrevendo as igrejas, as escolas e até mesmo o cemitério da
cidade.
A modernidade chegou e tem feito
isso disfarçadamente em nós. Ser moderno, é fazer muito barulho. Lembrei-me de uma carta de
chefe indígena que dizia: "Não há lugar para o silêncio na cidade dos
brancos" E de fato. Somos pessoas barulhentas em qualquer cidade e quanto mais barulho fizermos, mais
exaltados seremos pelos amigos.
O vazio que trazemos
dentro de nós é preenchido a todo volume com sons altos. Veljam as religiões...O silêncio das igrejas
também está raro, cada vez mais é substituído por
gritos, possesões e cânticos altíssimos de louvores fervorosos. deus está surdo.
Outro exemplo da cultura do barulho são os automóveis
com os potentes "paredão" de som. Num preciso sugerir a imagem do estupro nos nossos ouvidos.
Nas escolas, particularmente nas salas de aulas, a concentração que vem com o silêncio está ameaçada por
barulho e gritos coletivos. Certa vez, numa classe, estava sendo aplicada uma
prova. O aluno ficou revoltado com o silêncio da turma. Gritou: gente ! Vamos
agitar isso aqui! Ele estava aborrecido com o silêncio coletivo. Num sei, mas parece que já carregamos um dispositivo de falar alto ou gritar nos
lugares que chegamos ou onde estamos. Nas casas, há poucos momentos de silêncio
das famílias. Se fala alto e ao mesmo tempo que o vizinho ouve.
Assim a cultura
disseminada do barulho está no diagnóstico de doenças associadas à tensão e ao
sistema nervoso. Repito para ecoar silenciosamente, não há o culto ao silêncio na sociedade e nem
temos vontade de fazê-lo. O silêncio poderia ser como um valor criativo dos mais velhos para os mais jovens. Para quem acha a pratica do silêncio
algo ruim ou chato, é bom lembrar isso: Sem silêncio não há desenvolvimento das
idéias e criatividade. Qualquer artista em qualquer área sabe disso, qualquer
estudioso vai querer um pouco de silêncio para pesquisa. Não acredito que uma
pessoa possa aprender com barulho e nem posso crer que na composição de um
artista não haja um espaço para o silêncio fluir. Portanto, é preciso ter o
silêncio como um direito e defendê-lo na cultura. De agora em diante, defenda o seu silêncio
para ter uma vida mais saudável. Silêncio por favor.
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