sábado, 10 de agosto de 2013

O silêncio e a Cidade



Em nenhum canto há silêncio constante, ele está desaparecendo, ficando raro e se evaporando de qualquer lugar da cidade. Ao contrário...barulhos, gritos ou agitação estão presentes nos espaços públicos e no cotidiano dos moradores. Até sozinhas nos espaços públicos, as pessoas dão um jeito de portarem algum som. Ruas cheias, carros de som anunciando de velório a reunião, motos velozes, transeuntes rápidos ou aglomerados em grupinhos sufocam o silêncio. Nos lugares onde deveriam ter como princípio a pratica de silêncio ou da conversa em tom baixo, ouve-se o barulho. Estou descrevendo as igrejas, as escolas e até mesmo o cemitério da cidade.
A modernidade chegou e tem feito isso disfarçadamente em nós. Ser moderno, é fazer muito barulho. Lembrei-me de uma carta de chefe indígena que dizia: "Não há lugar para o silêncio na cidade dos brancos" E de fato. Somos pessoas barulhentas em qualquer cidade e quanto mais barulho fizermos, mais exaltados seremos pelos amigos. 
O vazio que trazemos dentro de nós é preenchido a todo volume com sons altos. Veljam as religiões...O silêncio das igrejas também está raro, cada vez mais é substituído por gritos, possesões e cânticos altíssimos de louvores fervorosos. deus está surdo.
Outro exemplo da cultura do barulho são os automóveis com os potentes "paredão" de som. Num preciso sugerir a imagem do estupro nos nossos ouvidos.
Nas escolas, particularmente nas salas de aulas, a concentração que vem com o silêncio está ameaçada por barulho e gritos coletivos. Certa vez, numa classe, estava sendo aplicada uma prova. O aluno ficou revoltado com o silêncio da turma. Gritou: gente ! Vamos agitar isso aqui! Ele estava aborrecido com o silêncio coletivo. Num sei, mas parece que já carregamos um dispositivo de falar alto ou gritar nos lugares que chegamos ou onde estamos. Nas casas, há poucos momentos de silêncio das famílias. Se fala alto e ao mesmo tempo que o vizinho ouve.
Assim a cultura disseminada do barulho está no diagnóstico de doenças associadas à tensão e ao sistema nervoso. Repito para ecoar silenciosamente, não há o culto ao silêncio na sociedade e nem temos vontade de fazê-lo. O silêncio poderia ser como um valor criativo dos mais velhos para os mais jovens. Para quem acha a pratica do silêncio algo ruim ou chato, é bom lembrar isso: Sem silêncio não há desenvolvimento das idéias e criatividade. Qualquer artista em qualquer área sabe disso, qualquer estudioso vai querer um pouco de silêncio para pesquisa. Não acredito que uma pessoa possa aprender com barulho e nem posso crer que na composição de um artista não haja um espaço para o silêncio fluir. Portanto, é preciso ter o silêncio como um direito e defendê-lo na cultura.  De agora em diante, defenda o seu silêncio para ter uma vida mais saudável. Silêncio por favor.

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