Estava de volta para casa, depois de umas férias prolongadas por Mossoró ( moun amour). No táxi, vinha, além de mim, uma senhora na frente e atrás: Eu, um homem e outra mulher. Eles conversavam sobre tudo e de repente a conversar foi sobre a situação social do mercado de trabalho. Um sempre buscava concordar com o outro. Dai, a senhora comentou: Brasileiro é preguiçoso. E o senhor ainda acrescentou: A situação só piorou mais por causa do bolsa Família. Antes não era assim, as pessoas se esforçavam para trabalhar, mas agora...por qualquer motivo pendem demissão. A senhora tomou a palavra e disse:"hoje para contratar uma empregada doméstica ou pedreiro, você tem que cumprir uma série de exigências." O senhor ainda acrescentou: " As pessoas estão deixando de trabalhar para serem traficantes."
Eu estava convencido em fazer-me de desentendido e ao ouvir essa frase, me incomodou demais, interrompi a conversa para dizer como percebia a situação. A senhora permitiu. Falei que para receber uma bolsa-família, a pessoa deveria cumprir uma série de obrigações do tipo: vacinar os filhos e ter os mesmos matriculados e frequentando a escola. Disse que em relação as empregadas domésticas e pedreiros são dignos de receberem bons salários e também terem seus direitos trabalhistas garantidos. Ninguém crítica os empresários que recebem volumosos empréstimos para suas empresas nos bancos e não pagam, dos ricos agricultores que são beneficiados com linhas de créditos e industriais que não pagam impostos para instalarem suas fábricas. Nesse momento, o silêncio se instaurou dentro do carro. Depois de um certo tempo, a senhora quebrou o silêncio me perguntando: " Você é o quê?" Respondi: " Sou apenas um professor." A impressão que fica é que não podemos discordar das ideias que são comuns a determinados grupos sociais.
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