De uns tempos para cá, vejo surgir café poético em livrarias de shoppings, recitais de poemas, concursos literários, feiras de livros ou festivais literários por todos os cantos e que acreditamos incentivar o hábito de leitura ou de surgimento de novos escritores. Parece que temos mais escritores do que leitores. E que o aumento da média de leitura de livros entre brasileiros já nos consola. Mas é preciso esclarecer algumas detalhes dessa " febre literária"...Primeiro fica feio ouvir de pessoas universitárias a seguinte afirmação: Não estou lendo nada e segundo torna-se glamour ir a um evento literário de grande porte que movimenta toda uma cidade. Assim, vou ao festival literário ou a feira do livro e tiro fotos e participo de debates e pronto...sou um leitor.
Literatura, poesia e poema...tem que se algo visceral. Tirar os nossos pés do chãos. Desestruturar nossas bases morais. Nos colocar pelo avesso. Causar náuseas e descobrir o nosso autor que somos e temos no meio. È fácil ler Jorge Amado, Machado de Assis....Difícil é valorizar e ler os poetas vivos e pouco reconhecidos. É fácil ir a Paraty ou Pipa e nunca ter tempo de participar de um sarau na periferia. É ótimo está no meio de gente com livros e mais livros na sacola e saber que depois ficaram jogados num quarto. Tirar foto com autor famoso e tal...enquanto houver burguesia não vai haver poesia já dizia Cazuza.
O gosto pela leitura de livros é complexo e transformador.O despertar é algo que vai depender da experiência pessoal quer seja na música, em um filme, no desenho...Por vezes, na escola, a prática é a antipoesia e antiliteratura com as crianças e adolescentes. Se os segmentos populares souberem do poder da poesia em suas vidas isso será revolucionário e sem voltas.
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