terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Incondicional

Quando o reencontro ocorreu nem se podia acreditar no destino e tão pouco imaginar naqueles dois. Na rua deserta, a moça ficou parada e o outro disfarçou até desaparecer de vista. Minutos depois, ele voltou num passinho curto e ligeiro, parecia procurar algo pela maneira com que olhava as vitrines das lojas. Chegou perto e cheirou o ar demoradamente e abriu a boca como quem ia dizer algo. Reconheceram-se por alguma razão implícita, mas que estava na memória.
Sentou-se no meio-fio da calçada e olhou fixamente para a menina. Quanto se passou nesse instante poderia ter sido incalculável, pois o que havia entre os dois eram a vontade de um pertencer ao outro. Bastava a menina fazer um gesto ou dizer uma palavra carinhosa e pronto. Quebraria o silencio e o clima abafado. Então, o pequeno vira-lata latiu. Ela estendeu a mão e fez um afago em sua cabeça deslizando até o pescoço.
De repente vieram as gotas de chuva a cair por todo o canto. Os dois se assustaram, ela procurou abrigo na marquise de uma loja e ele ainda teve tempo de parar num poste, fazer xixi e sair correndo pela rua.

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