terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Os amores e as cartas




Para Maria Clara

"Quem disser que se pode amar alguém durante a vida inteira é porque mente" 
( Florbela Espanca)


Clara com seus olhos azuis tinha uma pureza que adentrava sua juventude. Se percebeu apaixonada pelo rapaz da padaria. Foi tão rápido aquilo que ela mesma não sabia explicar, vivia se alimentando do que pensava nele, fazia planos para  revelar o sentimento na hora certa. Seria o amor de entrega: um pelo outro, sem pensar nas consequências. Num domingo, a prima e  melhor amiga,  foi a casa dela  almoçar. Depois da refeição, as duas estavam no quarto, então a prima lhe falou que tinha um segredo: se apaixonará pelo certa rapaz da padaria e que estava sendo correspondida também por ele.  Já tinham marcado encontro na praça da cidade. Era o rapaz de Clara. Aquilo foi um balde de água fria para a moça.
O tempo passou o suficiente para  agir com esquecimento no coração . Aos poucos, Clara se apaixonou  novamente e surgiu o novo rapaz.  Um dos jogadores do time que se reuniam para jogar bola no final de tarde próximo a sua casa. Amor perfeito é aquele que acontece no entardecer do dia e no alvorecer da vida, pensava a moça. Descobriu que desejava o goleiro magro mais elegante que andava de luvas  revelando somente os dedos. Observava o rapaz animado a conversar com os amigos, nem sabia o nome ou a rua onde morava. Contava as horas para vê-lo após a partida de futebol passar na rua, saudá-lo com um sorriso e aceno de mão no meio da calçada.  Num domingo quando se encerrava um campeonato, se preparou especialmene  para lhe dizer que amava tanto e não poderia guardar isso. Num fim de tarde,  Clara disse para si mesma que iria chama-lo. Havia nuvens avermelhadas e um azul em tons pelo céu e nos seus olhos.  Após a partida, o goleiro passou de braços dados com uma  namorada se beijando e comemorando a vitória.  Rompeu-se o que se guardava no coração e a fez recuar para dentro de casa. Não queria ser motivo de desunião já existente e mudou o costume de espera-lo ver passar, em recompensa o tempo acalmou seu o coração. E assim ocorreu...
No tempo de quaresma e remissão, se viu admirada pela beleza do rapaz  que ajudava na missa. Notou que os olhares se tocavam durante a celebração. Não pode acreditar. Começou a ir constantemente a igreja e olhava perdidamente para o rapaz  todo de branco no altar que tocava o sino da eucaristia. Dizem que os sinos tocam quando estamos apaixonados. Pedia em prece que o sacristão fosse o amor definitivo. Sentia ser a sua alma-gêmea onde se combinam tudo de um no outro. No domingo, antes de encerrar a missa de ressureição, o padre anunciou feliz que o sacristão iria ser o novo seminarista da paróquia. Clara de olhos baixos e em prece pediu a Deus para acalmar a dor daquele instantea.
A vida de desamores tinha sido ingrata em não ter ninguém ao lado. As amigas já contavam histórias dos namorados, dos beijos e brigas com os rapazes, mas ela não tinha nada a dizer e nem a quem desejar. A infãncia tornou um passado cada dia mais distante. Nem se sentia moça por não ser  desejada por nenhum rapaz onde quer que fosse.
Um dia, a moça resolveu ir a cartomante que poderia lhe ajudar. Era Sexta-feira, a casa da cartomante ficava numa vila de casas, sendo a última dela. Clara foi recebida pela própria cartomante que pediu para a moça se sentar na sala decorada com objetos de magias. Depois de um tempo ela foi chamada para entrar na sala onde colocavam-se as cartas. Era uma sala com pouca iluminação, incenso aceso e tendo ao centro uma mesa redonda.
As duas ficaram sentadas de frente uma para outra na mesa, a cartomante pediu que ela olhasse nos olhos dela e perguntou  por que ela tinha ido la. Clara falou que foi por não ter sorte no amor. A cartomante disse que revelaria a felicidade e tirou o baralho de uma caixa. Pediu para ela dividi-lo em três partes. Depois foi mostrando a face de cada carta. Ns primeira carta, disse que a vida amorosa dela não era só para amor, mas vários amores. A moça se alegrou e falou porque que isso ainda não aconteceu. A cartomante virou uma nova carta e completou dizendo que ela iria ser uma mulher que amaria varias homens ao mesmo tempo. Na última parte das cartas quando revelou um novo aviso que será assim para sempre. A partir daquele momento a moça entendeu que se quiser ser feliz consigo mesma e com os outros era possuindo amor inrestrito a vários rapazes. Ao sair da casa entendeu sua situação de ser uma escolhida para essa dádiva. Amanhã, eu pinto os cabelos de ruivos. Pensou Clara satisfeita.

2 comentários:

Anônimo disse...

É muito bom de ler...
Mas é muito agradável ouvi-lo contar!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.