sexta-feira, 23 de novembro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
A morte e Macaíba
A morte se
associa a decomposição das coisas vivas. Decrepitude. Não é à toa que o mangue possui a além
da função de "berçário marinho", também a de compor tudo em suas
águas salobras. Coincidência: morte e vida num mesmo lugar.
Macaíba é cidade mangue, onde nascer e morrer se confunde a todo instante. O que é sinal de vida é sina da morte ?
Macaíba é cidade mangue, onde nascer e morrer se confunde a todo instante. O que é sinal de vida é sina da morte ?
O espírito da morte observa a cidade, paira sobre ela em busca de manjedoura feito anjo vestido com mortália negras. Ronda as ruas. Não encontra nada que tivesse visto diferente em outro lugar. Mas, sente algo familiar quiça aconchegante nos olhos dos seus moradores.
Uma ilustre e letrada moradora se faz poeta, inspirada na morte. Ela está grávida da morte e escreve versos como evocação a morte. A moça apaixonada pelo mistério último que é morrer se deixa levar pela dor da doença. Mordendo as asas frias da morte se vai no fluxo da maré.
Um casal rico e comum a qualquer
outro se desfaz. Na viuvez, a senhora Machado é desposada novamente pela morte.
Agora, a morte se tornou seu companheiro para toda a vida. Qualquer morador
sabe que ela ceifa inocentes e se torna uma doama da morte em Macaíba. O ciclo
de vida e morte ou morte e vida está em suas mãos a beira do mangue. Na mão da
viúva Machado associa-se os lados extremos da existência humana. Essa senhora
não se foi como morte, se casou e ao mesmo tempo se tornou viúva.
domingo, 17 de junho de 2012
ILHA DO MEIO-DIA
Já
passam das dozes horas
Flutuam
restos do almoço:
pratos,
talheres e o sujo copo.
No
fundo da panela um pouco de arroz e ossos.
O
vento inaugura a tarde
Pela
Janela, se espalham a luz clara e indivisa
A
paisagem me isola feito naufrago na casa.
segunda-feira, 26 de março de 2012
artes pelo chão, pelas parede ou muro
quarta-feira, 14 de março de 2012
Jornada
Sol
nasce e em casa, passos cambaleando.
O
dia já é realidade
Desperto
os sentidos reavivados.
Café,
notícias no rádio.
Hoje,
eu consiguo:
Conquistar
o infinito.
Sobe
o dia,
Vem a noite.
Passos
largos para sair do trabalho.
Janto
sopa e repouso.
Não
se dou por vencido.
Amanhã
serei vitorioso.
TOMO
Os
livros têm perfumes
Idéias
em palavras com as quais respiro
As
páginas viradas.
Mudo
a vida,
Transformo
as atitudes.
Vejo
com outros sentidos.
Quer
seja no aroma de Nietzsche;
Clarice
ou Zila.
Existir
é um livro aberto
Lido ou escrito sem um final certo.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Novos lugares, velhos objetos.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Cartas
Escrever é filtrar as
emoções, expressar sentidos agora imprecisos e se auto interpretar na realidade. Há vários motivos para pôr no papel ora o que se vive, mas quando se trata de uma carta, o significado parece ficar na sua condição artística. O fato é
que uma carta é arte, seja ela qual for. Amadurece o que estamos sentido posto em palavras
e quem ler ficar na responsabilidade de entender a mensagem. O leitor que ao ler em papel uma carta e não parar para
pensar naquelas palavras, pode-se dizer que é insensível. Afinal, ser leitor é ter compromissos com a mensagem. Já se conseguiu
muitas coisas com cartas escritas a determinados leitores.
Tive experiências ao longo da vida, redigindo cartas e recebendo-as. Quer seja para pessoas distantes ou próximas. O prazer de ter em mãos um
envelope e ao abri-lo tem m papel não se tem comparação igual. Quando criança, escrevia para os programas de rádio na intensão de ouvir a minha carta e ganhar um presente, depois escrevia para os programas de televisão para ser sorteado também, coisas que nunca aconteceram. Sem falar nas cartas feitas nas aulas para o dia das mães e dos pais e até para papai Noel.
Ano passado, tive um desafio que mostrou o poder de escrever cartas. O meu irmão se internou numa fazenda para fazer um processo de desintoxicação e o contato nos três meses iniciais só poderia ser feito por meio de cartas. Nesse primeiro período de tratamento, escrevi para ele e o mesmo me respondia. Essa experiência foi significativa de ambas as partes. Ele me falou depois de um ano que as cartas foram importantes para ele se manter dentro do tratamento e o quanto eram motivaram a continuação dele dentro da fazenda.
Ano passado, tive um desafio que mostrou o poder de escrever cartas. O meu irmão se internou numa fazenda para fazer um processo de desintoxicação e o contato nos três meses iniciais só poderia ser feito por meio de cartas. Nesse primeiro período de tratamento, escrevi para ele e o mesmo me respondia. Essa experiência foi significativa de ambas as partes. Ele me falou depois de um ano que as cartas foram importantes para ele se manter dentro do tratamento e o quanto eram motivaram a continuação dele dentro da fazenda.
Tenho um amigo que possui
uma página na internet e o diferencial dele é colocar no domingo uma carta
aberta para um amigo. É interessante abrir a página e vê-lo descrever as
impressões que tem sobre a amizade especifica. Não conheço todos os que
receberam a homenagem-carta, mas aguça a imaginação ao ler.
Outra recordação que me
vem à memória é o livro: “Amores em tempos do Cólera” de Gabriel Garcia
Marques. Para manter o amor entre os dois jovens que sofre com a oposição do
pai, o rapaz e a moça trocam correspondências secretas.
Outra referência é um livro cujo o título não lembro mas que eram cartas de pessoas famosos: cientistas e intelectuais para suas esposas. Quem diria que Karl Marx, Albert Einstein e Charles Darwin escreveriam coisas de amor. Pois, o livro revela esse lado desconhecido dessas pessoas.
Outra referência é um livro cujo o título não lembro mas que eram cartas de pessoas famosos: cientistas e intelectuais para suas esposas. Quem diria que Karl Marx, Albert Einstein e Charles Darwin escreveriam coisas de amor. Pois, o livro revela esse lado desconhecido dessas pessoas.
Escreve-se por algum
motivo ou razão. Hoje o problema maior dos relacionamentos é a falta de entendimento
entre os casais, a ausência de diálogo é notória, talvez se usassem poderiam
diminuir as brigas e se chegar a um bom senso. Como dizia no início, escrever uma
carta ou várias cartas pode ser maneira de demonstrar o sentimento para quem
ler. As cartas podem conter soluções que
não sabemos encontrar nesses momentos de embates.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
O silêncio
O silêncio está
desaparecendo, se evaporando de qualquer lugar da cidade. Em nenhum canto
há um silêncio constante. Ao contrário, barulhos e zombarias ou agitação estão ganhando espaço no cotidiano de qualquer cidadão. Ruas cheias, carros velozes, transeuntes rápidos ou conglomerados estão se sufocando em raivosos ruídos. Até sozinhas nos espaços
públicos, as pessoas dão um jeito de portarem o som.
A
modernidade tem feito isso disfarçadamente em nós. Lembrei de uma carta de
chefe indígena que dizia: Não há lugar para o silêncio na cidade dos
brancos. Somos barulhentos e quanto mais fizermos, mais
exaltados seremos pelos amigos.
O
vazio que trazemos dentro de nós é preenchido a todo volume com sons. Já reparou que o silêncio das igrejas também está raro, cada vez mais
é substituído por gritos, cânticos altíssimos e louvores
fervorosos. Deus está surdo pensam os devotos, daí se grita histridente. Os automóveis estão equipados com potentes paredões de som. Nas aulas, a
concentração é ameaçada pelos telefones constantemente, sem se esquecer os próprios barulhos e gritos coletivos dos alunos. Certa vez, numa
classe, estava sendo aplicada uma prova, um o aluno ficou revoltado com o silêncio
da turma. Gritou: gente!!! Vamos agitar isso aqui!
Tenho a impressão que nós brasileiros já carregamos um
dispositivo de fazer barulho aos lugares que chegamos ou onde estamos. Mas, sei que não é verdade. Há vida está mais veloz e furiosamente barulhenta. Nas
casas, as famílias tem poucos momentos de silêncio, se fala alto as pessoas mesmo quando estão próximas umas das outras.
Resultado
da cultura do barulho disseminado entre nós e se naturalizou. A consequência está nos diagnósticos das doenças associadas à
tensão e ao sistema nervoso. Nunca se vendeu tantos calmantes e remédios para se dormir. Agitados e barulhentos, perdemos a capacidade de dormir com o silêncio. Não há uma cultura ou educação do silêncio na vida em
sociedade e tão pouco, temos o silêncio como um valor voltado para a criatividade. Para quem acha a
pratica do silêncio algo ruim ou chato, é bom lembrar isso: Sem silêncio não há
desenvolvimento das idéias e criatividade. Qualquer artista em qualquer área sabe
disso, qualquer estudioso vai querer um pouco de silêncio para pesquisa. Não
acredito que uma pessoa possa aprender com barulho e nem posso crer que na
composição de um artista não haja um espaço para o silêncio fluir. Portanto, é
preciso ter o silêncio como um direito e defendê-lo na cultura. De agora em diante, defenda o seu silêncio
para ter uma vida mais saudável.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
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