sábado, 22 de novembro de 2008

UMA DESCULPA PARA NÃO COMER PIPOCAS

Minha Vida em Cor-de-Rosa(ma vie in rose) ( França, 1997) Dir. Alain Berlinger
Um filme deveria ter como objetivo também causa estranhamento no nosso modo de ser e interagir com os outros. Com raras exceções, alguns diretores conseguem nos atingir com isso. Em Ma vie in rose, a principal abordagem é o universo dos desejos infantis, e o diretor consegue tal intento, sem cair no ridículo. Ou como diz uma pessoa querida, esbarra na vala dos filmes clichês. O tema já uma desafio: a construção social da sexualidade e do gênero ( o que é ser homem? O que é ser mulher?), são assuntos quase sem aprofundamentos para as pessoas. Parece que tudo já está prontinho na saciedade e basta repetir o que os outros fazem. Mas na obra filmica não é bem assim...
A história possui nuances para se refletir nas práticas cotidianas. Um garoto de sete anos que diferentes dos outros, ainda não escolheu a qual gênero vai pertencer. Para ele, a questão do gênero é uma escolha incerta na vida. As atuações dos atores e a sensibilidade do diretor de expor o tema com as riquezas dos dramas periféricos dão fôlego ao fime: a morte na infância, um bairro burguês-conversador onde as casas são as mesmas, a rotina diária se repete infinitamente e todos são iguais aparentemente: Os pais trabalham, os filhos vão à escola e vivem-se sem questionamentos mais profundos. Algo que não perturbe a ordem eou aparente “normalidade” deve ser afatado ou escondido.
Nesse contexto aparece: Ludovich. Ele é o caçula da família em ascensão social, representada na figura do pai, que se mudam para o bairro de casas sem cerca e quintal de grama sempre verde. Não muito diferene da boneca Pam, programa preferido dele. Durante a recepção de boas-vindas aos novos vizinhos, Ludovich aparece vestido como se fosse uma menina, a principio o pai diz ser um disfarce, mas a irrefreável determinação do garoto em querer se ser uma menina e declarar que vai se casar com o colega Jerome, muda a situação de tolerância de todos. A própria inexperiência dos pais leva ambos a uma crise conjugal e familiar. Os pais passam da tolerância à repressão ao longo do filme, de forma gradativa. E no meio desse turbilhão de conflitos, está o garoto, que não consegue entender a razão de tanta tensão na família, na escola e na vizinhaça por ele expressar o que sente. Ludivich só encontra amparo nos braços da generosa avó ou nas fantasias adquiridas no universo cor-de-rosa da boneca Pam.
Apesar de não indicar soluções, se é que há soluções para questões tão complexas, o filme aponta para um elemento básico na convivência humana: TOLERÃNCIA. Veja o filme, ele não será mais um desculpa para se comer pipoca e beber guaraná, mas nos ferir ainda mais com os preconceitos.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu inda num vih esse filme. sou doida pra ver.

ultimamente um dos que vi e mais gostei foi ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA.

e reví E A SUA MÃE TAMBÉM.

massa.. aliás, adoro Gael. tem ele no filme, jah toh vendo!

bora marcar um cinema.
bjus. adoro tu.