sábado, 29 de maio de 2010

DIÁLOGO COM O BARQUEIRO


Caro barqueiro que silenciosamente rema sobre o rio da existência humana, levando-nos da vida à morte e por vezes em sentido contrário, gostaria de expor impressões que fazemos a respeito da sua presença nessa travessia fatal. Tantos já ficaram em sua companhia, as vezes assustados e noutras familiarizados com  sua forte presença que esqueceram de menciona-lo por medo no diário de bordo. Tê-lo perto assusta, é verdade. Mas intimidação não é propriamente que vem de você,  devo confessar que vivemos com os outros humanos e da tal convivência tiramos esse medo. Temos um certo prazer em aterrorizar o outro, infernizar a vida alheia que nos transmite felicidade, possuimos o dom em retirar o sossego das pessoas calmas, não poupamos ninguém nessa arte de ser inferno. Portanto, quando encontramos alguém enigmático, ficamos  amedrontados e sem ação, acreditamos que vai também fazer o mesmo como nós.
Quero lhe relatar outra coisa que pensei erradamente. Ainda tenho os créditos para ficar na nau: São as palavras que nos retroalimentam. As vezes, digo algo para animar a navegação pelo espaço rumo ao relógio do infinito. Palavras pronunciadas ou escritas para nos livrar do tempo escuro que insiste em nos cobrir, será tempestade? Há ainda as palavras subentendidas que deixo no ar. Análise que estava sem crédito por que navegava quieto nos ultimos dias, uma quietude igual a sua: silenciosa. Então, vi que as palavras rolavam como água que caem da cachoeira. Reme, reme...para o barco não vira, olé olá...Se essa canoa não virar chegaremos lá. 
Estive na proa a ver as ilhas, mulheres lavando roupas as margens do rio, pescadores lançando redes em busca de peixes para se alimentarem e crianças mergulhando no leito fluvial. Cada um cumprindo a sina e respeitando a correnteza que flui uma única vez, como disse o filosófo. 
O mais dificil da viagem naútica é ver aqueles que já não falam mais nada, ao contrário calaram-se e trocaram os créditos por latidos e ladram das laterais do rio feito cachorros ao nos ver passar. Sofrem com a terceira margem do rio e já não vão a lugar nenhum, estão parados e esquecerem que sabem nadar, poderia morrem afogados caso quisessem entrar nas águas da vida, ficariam aflitos e afogariam não pelo rio e sim pela vaidade da saliva que possuem em suas bocas. A felicidade da viagem está em enfrentar seus medos. Ser feliz não para covardes, é coisa de o humano.

Um comentário:

G. Rafaelly disse...

Esse texto fala do barco da vida, que remamos, remamos e chegamos muitas vezes no lugar que queremos, mais muitos afundam no meio do caminho, não conseguem completar sua jornada do dia-a-dia... O que seria na verdade a nossa vida e a nossa morte, como a vida é, nascemos sem saber, vivemos sem entender e morremos sem querer... Essa é a nossa jornada da vida, o nosso barco...

Colégio Equipe
Georgia Rafaelly 2º ano E.M