“Somos criaturas diurnas, mas as noites que medem o nosso lugar. E as noites só cabem bem na nossa casa de infância.” ( Mia Couto)
A menina tornou-se comum as da cidade. Tinha a realidade sobre controle, aquilo que observava, sabia explicar igual as meninas da sua idade e si mesma ensinava para não ter espanto, o que se podia ver e sentir sem o menor problema ou possivelmente desestabilizar justificava. Criava mistérios que lhe levava a revelar outra realidade, mas nada que pudesse roubar lhe o chão da razão. Sem grandes questionamentos, a vida era tangida para um pouco mais adiante igual o que foi o passado.
Após as aulas matinais, punha o caderno e livros nos bruços, baixava a cabeça e caminhava lentamente voltando para casa. No lar, tomava um banho, vestia um roupa nova e ia almoçar com os pais em silêncio que se quebrava com perguntas rotineiras e iguais as famílias.
De tarde, a menina ai ao quintal, sentava-se na antiga árvore que já havia na casa antes deles chegarem. Na sombra dela tinha já arranjado espaço para por o caderno e os livros. Lia com prazer e estudava os deveres e exercício no meio das galinhas, pintos e plantas.
Era uma vida solitária, isolada da presença de outras meninas da mesma idade. A mãe ficava na cozinha, lavava a louça e olhava a cena pela janela. Recordava que os professores nunca reclamavam dela, dizia que era uma menina calada. Suspirava feliz como se visse uma pintura realista. Depois, abria a máquina de costura e fazia reparos em roupas e enxovais. Noutros dias, ela mesma consertava os pequenos vazamentos, enquanto o pai já tinha saído para trabalhar de onde só retornava no inicio da noite cansado. Aos domingos vestia uma roupa melhor e ia para o catecismo onde aprendia as lições sagradas e a rezar. Assistia a missa, cantava os hinos e voltava para casa.
No final da tarde, a menina enfim desconstruía o circo vesperal, antes de sair do quintal e voltar para dentro de casa, de baixo da árvore, ainda fantasiava uma platéia a aplaudi-la. Decorava com sinais as pedras; para as roupas estendidas no varal mandava beijos e piscar de olhos; com pedaços de madeira e restos de qualquer sucata antiga dava um aceno e colocava os nomes nos animais e plantas como se fosse a deusa na criação pagã, contava as histórias e situações dramáticas para seus personagens sem ações próprias.
A cena era repetitiva exaustiva até esquecerem o dia da semana e data do ano, quase nunca se alterava, a não ser quando vinham às visitas para conversar com mãe.
De tarde, a menina ai ao quintal, sentava-se na antiga árvore que já havia na casa antes deles chegarem. Na sombra dela tinha já arranjado espaço para por o caderno e os livros. Lia com prazer e estudava os deveres e exercício no meio das galinhas, pintos e plantas.
Era uma vida solitária, isolada da presença de outras meninas da mesma idade. A mãe ficava na cozinha, lavava a louça e olhava a cena pela janela. Recordava que os professores nunca reclamavam dela, dizia que era uma menina calada. Suspirava feliz como se visse uma pintura realista. Depois, abria a máquina de costura e fazia reparos em roupas e enxovais. Noutros dias, ela mesma consertava os pequenos vazamentos, enquanto o pai já tinha saído para trabalhar de onde só retornava no inicio da noite cansado. Aos domingos vestia uma roupa melhor e ia para o catecismo onde aprendia as lições sagradas e a rezar. Assistia a missa, cantava os hinos e voltava para casa.
No final da tarde, a menina enfim desconstruía o circo vesperal, antes de sair do quintal e voltar para dentro de casa, de baixo da árvore, ainda fantasiava uma platéia a aplaudi-la. Decorava com sinais as pedras; para as roupas estendidas no varal mandava beijos e piscar de olhos; com pedaços de madeira e restos de qualquer sucata antiga dava um aceno e colocava os nomes nos animais e plantas como se fosse a deusa na criação pagã, contava as histórias e situações dramáticas para seus personagens sem ações próprias.
A cena era repetitiva exaustiva até esquecerem o dia da semana e data do ano, quase nunca se alterava, a não ser quando vinham às visitas para conversar com mãe.
A quietude da vida e da família se quebra na rebeldia de um sonho tropeçado pelo sono. A menina vê-se com a árvore que sentava nas tardes para estudar e brincar. Acordou intranqüila e foi à escola tentar ser rotineiramente. No almoço, ela resolveu quebrar o silêncio na mesa contando o sonho. Falou para a mãe e o pai que tinha sonhado com a árvore e estava perturbada com aquilo até agora. Os pais se entreolharam por um momento curto mas suficiente para perceberem que algo estava saindo do caminho. Nada responderam e nem sabiam o que dizer, pegos de surpresa, apenas continuaram a comerem. Na mesa, inauguravam-se as preocupações entorno da filha. A menina pegou o copo e bebeu um pouco de água ritualisticamente para fazer descer a comida e fazer o silêncio retornar a boca.
Após a refeição, teve medo de ir ao quintal. Ficou de pé na porta da cozinha, olhou distante a antiga árvore e todo o cenário envolta, viu como era assustadora a imagem. Haveria monstros povoando os galhos e o centro da árvore e que agora resolveram ir moram nos sonhos noturnos. Suas brincadeiras acordaram a natureza? Mas, respirou e caminhou, foi continuar do mesmo jeito como fazia todos os dias mecanicamente. (continua...)
Um comentário:
esperando a segunda parte...
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