eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença ( Viviane Mosé )
Minúsculo
como é o segundo dentro do minuto, ou maiúsculo como são os meses povoando o ano de forma circular, o tempo por vezes, nos cativa quando estamos felizes e quiça nos acorrenta quando
somos presos a atividades dolorosas.
Houve um tempo
em que era garoto e como não tinha dinheiro para comprar figurinhas e pô-las num álbum como fazia os meninos da rua, resolvi colecionar calendários de bolso. Queria guardar os anos e as paisagens e o que era sublimação se tornou felicidade. Quando mais antigo o calendário e exótica a imagem, maior o valor sentimental. As pessoas que sabiam da coleção se tornaram aliadas, traziam calendários com lugares estranhos para aumentar a coleção. Quando chegava um visita em casa, mostrava toda a coleção com os nomes das terras estranheiras sem sair de casa.
Também recordo do relógio
elegante na sala da minha avó que badalava as horas. Na cozinha, todos conversavam e de repente, o som daquele relógio que enchia a casa nos lembrando do momento para todos nós. As seis horas, minha vó deitava na rede e fazia orações do anjo e o relógio badalando aquele momento.
No final do ano, quando papai chegava de viagem trazendo vários calendários que eram espalhados pela casa como única decoração. Na maioria com imagens de santos, lugares do Brasil e até artistas. Mas houve um tempo que possuíamos um calendário de folhinhas avulsas na cozinha. Sentia prazer
em acordar e logo ir retirar a folha do dia passado. Sempre tinha uma mensagem no ver, um lembrete
que fazia a rotina se tornava diferente.
Depois vieram
as agendas na adolescência que seguem até hoje. De início, vieram de presente
no final de cada ano como forma de amizade. Nesse período vieram os relógios
de pulso no braço. Tinha preferência por mostradores de algarismo romanos. Até gosto do modo como os romanos transformaram as letras em números e guardo antigas agendas que se tornaram anotações de reuniões, data de encontros
e pensamentos furtivos. Quando aos calendários de bolso, quisera uma chuva atemporal
molhar todos.
Não importa como
se simboliza no transcorrer da existência, ele estará presente em nós. Registrando
acontecimentos, escondendo outros e forjando situações inesperadas no futuro.
Estaremos juntos com o tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário