domingo, 31 de janeiro de 2010

CARNAVAL À BRASILEIRA

O carnaval se tornou uma autentica manifestação da cultura no Brasil. No período
carnavalesco acontece se ouve os variados ritmos, é típico da população se divertir
no inicio do ano. Nesse periodo, os participantes se vestem com fantasias, usam máscaras e brincam durante os quatro dias. A alegria dos foliões e a imagem do próprio carnaval brasileiro estão presentes no mundo todo, o mesmo é diversidade cultural, ritmovariados e expressão em todos os cantos do Brasil.
No Nordeste encontramos as manifestações mais originais do carnaval. Tanto a
história como as condições socioculturais ajudaram a região se consagrar como
sinônimo de folia. Além dos tradicionais centros carnavalescos como Salvador, Recife e Olinda, outras cidades do Nordeste apresentam um carnaval original e genuíno.
Cada cidade possui a própria maneira de viver o carnaval, seja com os blocos,
desfiles alegóricos ou tradicionais “mela-mela.” Manter viva ou resgatar a brincadeira de rua é tarefa de cada um de nós cidadãos e politicos. Então, vista a fantasia, reuna os amigos e amigos e caiam na folia...Viva o carnaval brasileiro...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Os banheiros:Do Locus Social para o domestico

A partir de um levantamento bibliográfico sobre a história da vida privada (VEYNE:1992) dos banhos públicos na Antiguidade, na cultura grego-romana, podemos construir uma certa genealogia do banheiro e dos seus usos na atualidade. Outras culturas tinham costumes similares nessa prática. O importante é perceber como a noção de espaço de limpeza corporal, neste caso os banhos públicos no passado, e o banheiro público masculino na atualidade, mantêm-se como elemento social de interação. No passado antigo, os banhos públicos faziam parte das inúmeras vantagens de se viver numa cidade, assim também como os espetáculos de arena, os circos e os teatros.
Devemos observar que os banhos públicos eram pagos com uma pequena quantia em dinheiro. Horas antes de sua abertura, um gongo tocava anunciando o início de seu uso. Desse anúncio formavam-se filas nas portas. A prática de ir aos banhos públicos não era feita por todos os habitantes. Os cristãos e pensadores se recusavam à ida para esses ambientes como prova de exercício da austeridade que se gabavam embora que houve admoestações dos filósofos acerca do uso correto:

“[...] Em Óstias, afrescos mostram filósofos, que se fazem chamar mestres na arte de viver, oferecendo aos clientes sentados severos conselhos gnomicosa sobre a maneira de defecar corretamente!” ( BROWN, 1995, p. 240)

Quando começaram a existir, esses estabelecimentos apresentavam modestas instalações. Com o desenvolvimento das cidades na Antiguidade acabaram sendo edifícios de banho bastante suntuosos. Cada cidade possuía um aqueduto para fornecer água das fontes às casas termais. Em alguns banhos públicos tinha-se latrina, mas isso não era uma constante nesses edifícios. Os nobres podiam possuir uma terma com várias salas arrumadas e decoradas com aquecimento em salas. Havia ambientes decorados e arrumados com afrescos e pinturas. Também os plebeus tinham condições de desfrutar de um banho público de luxo que era obra benfeitora das autoridades locais.
Outras instalações foram sendo agregadas aos banhos públicos, como ginásios e jardins. Se plebeus e nobres partilhavam do mesmo espaço, homens e mulheres ficavam isolados dentro dos banhos públicos. São datados pelos historiadores sete séculos de evolução dos banhos públicas. Como afirma Brown (1995, p.194):

Do edifício funcional ao palácio de sonhos, no qual esculturas, mosaicos, pinturas, arquiteturas suntuosas oferecem a todos o esplendor de um ambiente real.[...]o maior prazer era o de estar na multidão, gritar, encontrar pessoas, escutar conversas, saber de casos curiosos que seriam objetos de anedotas e exibir-se.

Poucas mudanças ocorrem nos séculos em relação às casas de banhos e o seu uso como locais de encontros coletivos. Porém, no século XVIII, as reformas higienistas e sanitárias nas cidades urbanas e industriais foram importantes para uma nova configuração desses espaços tanto no âmbito público como doméstico. Na casa, a sala de banho torna-se local de isolamento da pessoa dos demais membros da família e lá poderá se lavar e fazer sua higiene. Afirma Vincent ( 1995,p. 308 ):

O banheiro aparece entre a burguesia por volta de 1880: é o local mais secreto da casa onde a pessoa, liberta de seus corretivos ( cinta, espartilhos, peruca, dentadura, etc), finalmente pode-se ver, não em sua aparência social, mas totalmente despida. Momento às vezes penoso, hoje imposto a todas as classes sociais: ( O INSEE nos informa que em 1980, 80% das casas possuem uma sala de banho ou um banheiro com ducha. Talvez as pessoas usem o banheiro mais para se olhar do que para se lavar.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

serviços sexuais de jovens masculinos

Embora se distinga em diferentes aspectos dos serviços sexuais femininos, a prostituição masculina insere-se em semelhante arcabouço de preconceitos, tabus e pânicos morais. A questão se torna ainda mais virulenta quando se trata do envolvimento de jovens e adolescentes, situação esta agravada, do ponto de vista do imaginário social, quando esta se processa com pessoas do mesmo sexo.
Apesar, porém, de todas as diferenças existentes, ambas as formas de prestação de serviços sexuais mantêm eixos comunicantes, por serem secularmente tratadas sob a óptica do controle social, da segregação, do regulamentarismo, da intolerância e da repressão. Em ambos os casos, ações estatais, médicas, psiquiátricas, sanitárias e criminais embasam-se na ideologia da “defesa social” (SOARES DO BEM, A. 2006).
Em virtude da existência de um habitus cultural excludente e intolerante com relação à prostituição, são raros os estudos que se pautam por uma postura ideologicamente crítica. Embora o debate feminista elabore inúmeras críticas a muitas representações inscritas no imaginário social sobre a mulher, Guenter (1994, p. 24) salienta que quando se trata de tomar partido de mulheres enquanto prostitutas o movimento feminista entra em pane, divide-se e provoca inúmeros mecanismos de defesa. Com a prostituição masculina a situação parece se agravar em virtude da ausência de vozes politizadas capazes de ancorar demandas em plataformas consolidadas de cidadania, mas, acima de tudo, em virtude da quase absoluta ausência de pesquisas cientificamente orientadas.
Desde que há prostituição, salienta Strack (1996, p. 18), têm se desenvolvido modelos interpretativos sobre o seu surgimento. Normalmente tem se desenvolvido teorias monocausais e são poucos os trabalhos que procuram tratar a questão a partir da complexidade. É principalmente a partir do século XIX que a pesquisa tem se ocupado com a investigação científica da prostituição. Strack (1996) argumenta que grande parte desses trabalhos foi produzida por médicos e criminologistas e seus efeitos provocaram tanto discriminação e estigmatização, quanto pressões para atividades terapêuticas e normalizadoras. Segundo a autora, esses trabalhos foram marcados por modelos interpretativos biologistas, psicanalíticos, econômicos, teorias da convergência, por contraditórias interpretações no bojo de teorias feministas e em poucos casos por modelos interpretativos críticos. Várias foram também as estratégias políticas dinamizadas para tratar a prostituição, aí podendo ser citados o proibicionismo, o regulamentarismo e o abolicionismo. Inevitavelmente, ao nos vincular à pesquisa sobre a prostituição masculina, teremos que levar em conta esta herança e procurar entender de que modo ela atua sobre este campo específico.
A prostituição de adolescentes e jovens do sexo masculino reúne uma gama de elementos que permeia a relação michê /cliente. A interação que se estabelece entre quem oferece serviços sexuais e quem paga para obtê-los é das mais complexas e supostamente não se reduz a uma relação meramente mercantil. O profissional do sexo e o cliente estão inscritos numa rede social marcada por uma profusão de sentidos socialmente construídos e compartilhados. A prostituição masculina viril se inscreve, portanto, em um espaço que articula uma complexa rede de serviços, símbolos e significados e que a situam além da experiência fenomênica do próprio “programa.”
No senso comum, há um discurso sancionado na população ou em determinados segmentos da sociedade, que adolescentes e jovens são estimulados por fatores sociais e principalmente econômicos para o trabalho sexual. Assim, ao reduzi-los à condição de vítimas, contribui-se para destituí-los da condição de “agentes cognoscitivos” (Giddens, 2003), com competências para entender o mundo e justificar as próprias ações. Ressalte-se que temos um enorme desafio pela frente: tratar criticamente a questão, não nos furtando, no entanto, do entendimento circunstanciado dos limites teóricos e práticos da autonomia, levando-se em conta pressões simbólicas da sociedade global atuando sobre a subjetividade desses jovens e, principalmente de adolescentes, que se encontram em processo de individuação.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

estigmas nos grafiteiros de banheiros

Podemos identificar nos grafites a estigmatização de várias ordens destinadas para a prática sexual. Para Goffman(1975), a definição de estigma será dada numa relação em que são atribuídos comportamentos e expectativas que revelem a pessoa com defeito e não vista como “normal”. Assim, a pessoa estigmatizada e normal está em um comunicante processo social das condutas.
Quando as pessoas escrevem uma mensagem assumindo o seu desejo sexual, elas estão conscientes que veiculam uma linguagem, manipulada por elas e isso leva a pensarmos que o estigma está no discurso das mensagens deixadas nos banheiros. Já aqueles que respondem condenando ficam numa perspectiva de normalidade. As manifestações desses estigmas serão feitas pelas duas perspectivas segundo Goffman( 1975) entre normal /estigmatizado e estigmatizado/estigmatizado. A visibilidade do estigma nas mensagens servem para comunicar à pessoa quem possui o estigma e a transmissão dele. Fizemos os agrupamentos das mensagens por atributos que são revelados em suas maneiras de exporem pelas informações escritas.
As mensagens são inicialmente reunidas como um todo, depois classificadas de acordo com o interesse da pesquisa, isto é, pelo banheiro onde se encontrava e o Setor de aula. Agora estão organizadas no sentido de constatar a manifestação das práticas sexuais através dos estigmas que só aparecem nos discursos dos grafites sob forma de deboche, zombarias e brincadeiras. Alguns grupos são apenas constitutivos do corpo da catalogação das mensagens, sem nenhuma implicação aparente com a teoria do estigma de Goffman (1975).
Em banheiro público, podemos constatar uma porta específica, onde são colocadas as mensagens, embora existam casos de certos banheiros em que o grafite se generalizou por todo o ambiente. Isto ocorre pelo fato de a mesma cabine onde está a porta com mensagens, ser a mais utilizada pelas pessoas. No momento em que usa a cabine, a pessoa é capaz de ler as mensagens, observar os desenhos e perceber os enfoques de cada grafite.
Os diálogos através dos grafites criam uma relação com os habitués. Uma mensagem gera uma repercussão entre eles mesmos, desencadeando várias respostas com outros teores, reforçando ou acrescendo a mensagem. Percebemos a ligação de quem escreve com que lê e com quem responde. São frases anônimas, porém conhecidas e ligadas por seu poder de impacto e repercussão. A linguagem e o humor são condições primordiais de todos os grafiteiros. O poder de em poucas palavras e com uma frase gerar um tom anedótico é uma característica comum. Os desenhos são feitos a parte da mensagem, quase nenhuma mensagem tem alusão a um desenho ou símbolo que está na porta.
Os grafites com desejos eróticos quer seja as preferências “ativo ou passivo”, práticas sexuais em grupal, relações sexuais entre homens e com mulher, entre outras, intensificam os contatos e a aproximação entre os habitués atentos aquelas mensagens. Os grafites sexuais tornam-se elementos para uma sensualidade construída de um objeto alcançado pelo ler e sempre fantasiado que estabelece no costume de ir a procura de práticas sexuais.
O agrupamento e a complementaridade permeiam o grafite sexual. Algumas mensagens englobam duas possibilidades nos atos sexuais e ainda uma terceira possibilidade, ou seja, pode ter a prática sexual diferente do que até então exercia. Portanto, não podemos definir a prática sexual de modo “essencialista” e naturalista a partir das relações ativo e passivo. São gradações que engendram a sexualidade, não a prática sexual. Da mesma forma, analisamos as identidades sexuais cujo processo de vivência está ligado à pessoa ao longo de sua vida, pois o mesmo constrói e reelabora sua identidade sexual ao longo da convivência com os outros. Verificaremos nas mensagens as possibilidades de atos sexuais em grupo com homens e mulheres.
Podemos observar que as mensagens escritas usam expressões populares como meio de expor quais as pessoas preferidas para o encontro sexual. Os grafites sexuais do tipo ativo e passivo podem ser entendidos a partir do estigma de quem assume a condição de que dá (o receptor) e aquele que e´possuidor. Necessariamente, nesse grupo de grafites, não só se assume a preferência exclusiva por ser passivo e ativo na prática sexual, mas de ter uma escolha que de acordo com a forma e as circunstâncias do encontro, a própria inversão em que se inscreve a relação sexual, possa mudar o princípio do ato.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

PROTEUS

Não tenho certeza quanto a descoberta do amor na vida, do sentir-se amado ser necessariamente uma condição boa ou de ser amado e correspondido como algo delicioso. Amar é um tormento,uma construção dolorosamente expecional cada vez que amo. Casar o meu sim com não do outro é dificil. As pessoas comentam o contrario disso, dizem que amam tranquilos e em paz com referencia as proprias experiencias. Mas, percebe-se por vezes solitariamente amando e noutras pior ainda, na dualidade de ambos os envolvidos se perguntando: E agora? Embora haja outras pessoas envolvidas na relação: parentes, amigos e etc e tal coagindo para manter a relação.O amor se perde.
Quando se ama, no meu entender, os sentimentos são levados ás mais "dificeis ginásticas" existenciais.Questionamentos implacaveis sobre o objetivo da vida e outras situações embaraçosas. Vexames em publico, fica-se mais sensivel aos acontecimentos.
Primeiro, aceitar o "amor" gera ansiedade que começa a se espalhar pela vivencia quando ele invade violentamente tudo igual ao vento que invade um quarto e apaga uma vela e escancara a porta encostada. Ama-se no escuro e com o ar circulando. TEm que ter capacidade de sublimar e transfigurar em arte esse desejo recolhido. Depois querer ser amado e correspondido na mesma medida, se é que há medidas para isso. Então, já se foi meio mundo de sono perdido, doses cavalares de remedios contra dor de cabeça e por ai se vai, até o sim do outro ser amado.
Menos complicado e indefinido do que caos amoroso no outro: palavras viram metaforas, assombrações se reencarnam nos gestos, pensamentos emergem sem mais nem menos...Confunde-se amor por amizade, rótulos apenas, amor ou humor...Já não há limites e fronteiras estabelicadas. Álias, cada vez que amamos alguém nossos parametros são refeitos.
A experiencia de amar é tão especial para nós e para o mundo que vivemos, pois sem elas não saberiamos dimencionar sempre a vida coletiva. Aguentar a rotina diaria e projeta-se para o futuro realizando os objetivos que queremos e que agora são importantes porque amamos.

domingo, 4 de outubro de 2009

Coloquios

Gostaria de inicio dizer algumas palavras acerca dos coloquios que realizamos nesses IV anos de existencia. No primeiro colóquio do Colégio Equipe, havia uma certa experimentação sobre o mesmo. Ficavamos imaginando o que dizer a todos os alunos presentes: algo que pudesse atingi-los como mensagem e nada "conteudista curricular" das materias, isso não é tarefa fácil. E é exatamente neste sentido que iniciamos o colóquios.
A principio, fomos tomados por uma sensação e função de modificar a maneira de pensar e agir na sociedade. Aguardamos a cada coloquio feito...e vimos os resultados nos anos posteriores: de forma indireta os alunos perguntavam sobre o tema do proximo ou refletiam sobre questões expostas: a cidadania, a ética, saude e as mudanças sociais. Ou seja,o coloquio deixou de ser uma conferencia e passou a ser assunto diário dos nossos estudantes. Podemos está em aula, no intervalo, na hora da saída e da chegada conversando sobre nossas vidas. O importante é estarmos juntos e pensando sobre a nossa cidade. O interessante é termos um estado de espírito voltado para a amizade solidária e que busque o conhecimento que liberte-nos dos nossos problemas sociais.
Nesse pequeno relato sobre o coloquio, peço licença aos demais professores que me ajudaram a construi-los ao longo dos anos, e convidar a todos os que me leem para que sejamos filósofos, assim como foram os gregos antigos que discutiam e celebravam a vida de forma artística e dionisíaca o conhecimento, que viviam tramas e tragédias sociais mas se espelhavam sempre nas idéias de força, beleza e liberdade e transformavam suas dores e alegrias em obras de artes. Para isso tinha a função a educação e arte na Grécia antiga. Eles que desde a infância eram educados para o esplendor da vida corpórea, intelectual e artística. Assim, imitá-los para se tornar inimitável e que cada um seja um grego ao seu modo.
Nós e os gregos temos coisas em comum quando entramos na escola. Devemos nesses colóquios cultivar a arte de falar bem, de viver bem e de saborear o prazer de estarmos vivos e sem culpa, assim como viveram na Antiguidade o povo de Atenas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O ser(tão) no sentido das pesquisas sociais

Ao escrever e se falar sobre a vida nos Sertões do Brasil, e em especial sobre o sertão do Nordeste, temos sempre um exposição do senso comum acerca do mesmo. Aqui,procuro expor aspectos são coletados em uma pesquina relizada há anos atrás. Os dados nessas exposições sobre o modo de vida dos rural nordestinos buscavam conjugar imagem e produção etnografica. Assim, foram construídas ao longo do tempo imagens às vezes deturpadas do homem e da mulher na cultura sertaneja para reforçar a idéia de atraso e preconceitos. No nosso processo de observação participante aguçamos a partir das práticas de pesquisa antropológica elementos que distorcem a idéia comum, conseguimos obter nuances que destoam com esses estereótipos e revela-nos uma nova interpretação mais plausível das expressoes masculinas e femininas existentes na cultura local.
O sertão Nordestino é um importante campo de pesquisa para a análise da categoria de gênero expresso na cultura. Conversando com os moradores, observando arrumação da casa, as atividades feitas nos trabalhos e outros aspectos de forma geral, podemos constatar que existe uma demarcação de utensílios, gestos e comportamentos pertencentes a esfera do genero, assim, procuramos desenvolver uma significativa análise dos mesmos no espaço rural por um mapeamento da sociabilidade dos mesmos.
Diversas teorias sociais são produzidas a partir das pesquisas sobre gênero. Algumas podem ser agrupadas de forma simples em três eixos: A divisão de gênero surge com gênese na ordem mitológica e imaginária da formação cultural, a separação dos gêneros aparece a partir da divisão sexual do trabalho, das estruturas reguladoras da economia e política e a noção de gênero oriunda da distinção anatômica dos sexos (SCOTT). São teorias que podem se desdobrar em complementação e também em contradições. Procuramos elaborar a nossa análise de gênero no sentido relacional e de agregação do ser humano na história da sociedade local, nesse caso a comunidade de Bom Sucesso ( Santa Cruz – RN) com seus detalhes específicos.
O escrever como resultado da pesquisa nos revelou outra dimensão. O redigir um texto esta mais voltado para uma comunicação acadêmica em congresso, eventos e publicação do que para o próprio universo da pesquisa. Dar um corpo textual tanto em imagem como em etnografia para a aquilo tudo que está sendo observado e captado é uma tarefa bastante complexa. Estamos conscientes de que o que escrevemos e fotografamos é uma interpretação.
A etnografia foi realizada no sentido denso. Geertz (1978) defendemos a idéia de uma etnografia que busque a particularidade ( procuravamos os universais), não aceitando uma explicação casual, tendo em vista a influência de Weber e Semiótico no estudo dos fenômenos sociais pelo próprio Geertz. O mesmo define três características importantes para a descrição etnográfica: a condição interpretativa, o fluxo do discurso social e a própria interpretação envolvida por extinguir-se e fixa-la (uma característica microscópica).
Na análise de início tomamos a observação sobre os núcleos familiares e as relações de parentescos. A composição das famílias são numerosas, a média de filhos varia de 4 para 7, chegando a ter casas com 10 filhos. As atividades manuais são passadas de uma geração a outra como forma de manter a herança recebida. Os trabalhos constituem importantes elementos de sociabildade na faixa etária e de gênero.Um individuo bem integrado na cultura local está em constante interação com os afazeres da roça. Os mais jovens aprendem com os parentes mais velhos a trabalhar e a se agruparem enquanto homem e mulher. Ao observarmos as atividades de lazer podemos ver que as mesmas são uma dimensão constituidora do sentido relacional do gênero.
Em suas relações sociais para a produção econômica, os moradores de Bom Sucesso revelavam o sentido e as relações entre homem e mulher bem como entre eles próprios ao designar o trabalho doméstico e diário. Podemos afirmar pela pesquisa feita a partir da etnografia e a captação de imagens fixas que as ocupações obedecem aos modelos não tão rígidos quanto poderíamos pensar. Dois casos relatados pelos moradores acerca de uma mulher que fazia o pastoreio do gado e de uma menina que criava pássaros ficaram explícitos.
A caça de animais silvestre e a criação de pássaros estão associadas a um processo de sociabilidade de meninos e adolescentes. È típico observá-los andando pelos quintais e estradas com suas gaiolas nas mãos como mostra a fotografia. Em suas conversas observamos o valor de ter capturado um determinado tipo de pássaro. A Captura e o abate deles por baladeira é um valor que pode estar ligado a ascensão de ser homem. Ficou difícil de registrar esse momento pois o horário em que ocorria era diferente do momento da pesquisa.
A maternidade é um elemento que agregamos a condição de ser mulher quer seja na condição familiar ou num amamentar porcos recém nascidos como mostra a fotografia. A senhora da foto relata que a porca deu cria a muitos filhos e por isso não é capaz de amamentar sozinha. Assim, ela prepara o leite que dá aos filhotes da porca. Nota-se que os animais de pequeno porte estão sobre o domínio das mulheres. A criação e o cuidado com alimentação e água de aves, porcos e até cabritos estão na responsabilidade das mulheres.