quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A discoteca revisitada




O artigo tem o objetivo de refletir acerca do que foi o papel da discoteca nos anos 80 e  a repercussão da mesma entre segmentos adversos. 
A atitude, as roupas e o comportamtento dos transeuntes que ficavam pela noite nos anos oitenta nas discotecas, em busca de liberdade de expressão e transgressão aos costumes vigentes na época,  podem ser um elemento de compreensão da  transformação do comportamento sociocultural  naquele nomento e também ser uma contra partida as leituras ideológicas de esquerda e direita que vigoravam. 
O modo como a geração 80 procurava inconscientemente uma forma de contestação dos valores politicos e sociais teve caracteristicas próprias. O surgimento da discoteca fez-se como modernidade para que ocorressem mudanças e se elaborassem novos espaços diferentes do tradicionais de dança e a interação. Fomentou atitudes maiores do que  as circunscritas a ocasião, consequentemente abriu novas identidades socias sobre si mesmo e  trilhas para a questão da tolerância e o respeito ao multicultarismo.
Nas atitudes daquela época se encontravam os mais diferentes estilos de vida, podendo corresponder as formas de agrupamentos sociais emergentes, de exposição de desejos, antes camuflados e novas maneiras de  se vestir e a apreciação de gostos musicais.
Antes da ir a uma discoteca (balada), há  os caminhos, as ruas, os becos e os “points”  que são percorridos pelas diversidades infinitas de pessoas. Nos itinerários percorridos são criadas as redes de relações sociais e construídas novas atitudes. Uma parada no barzinho para beber, aquele lugar para encontrar a turma, a noite certa para frequentar e dai as relações sociais são desenvolvidas  a partir de uma  vivência ampla com o ambiente e ao mesmo tempo restrita a um grupo de conhecidos que freqüentam o mesmo local. As atitudes vividas estão no gosto pelo extravagante e  diferente. O trajeto feito (antes e após ir a uma noite) está voltado para uma constituição de redes diversas. Em outra dimensão relacional está a moda (no sentido amplo do termo) que gera dinheiro aos magazines, a música e seus consumidores e o entreternimento e a cultura da estética em academia e salão de beleza possuem uma relação direta com a vida noturna e VICE-VERSA.
A chamada de discoteca já representou o espaço de  transgressão e contracultura no início dos anos oitenta, mas também um novo nicho de consumo como posteriormente citei. Ir as discotecas também era questionar dos papéis sociais, de gênero e sexuais, de resistir  a situação de opressão do regime militar que caducava e  se unir contra os estigmas morais. Os grupos de esquerdas também tinha interpretações ao modus vivendi dos frequentadores desse ambiente, por vezes a leitura era de grupo de "americanizados" e "alienados" com a música e o estilo adotado pelos  frequentadores. Fica a pergunta: Quem tem medo da discoteca ? Vale lembrar de discotecas famosas no Brasil, como o Dancing Days e o Papagaio no Rio e a Madame Satã em São Paulo. Assim, vivia-se uma transformação política sem ser necessariamente visivel pelo vies da passeata, da greve ou do ato público, os movimentos politicos e sociais possivelmente posiciovam-se contra a diversão noturna  em discoteca, afirmando que era lazer de burguês e gente alienada.  Por outro lado, a dança se reinventou como protesto com a sexualidade, o grito se fez junto ao frequentadores e os passos ritmados colabaram indiretamente com a abertura maior da sociedade.
  “ (...)   o fenômeno da “discoteca” simboliza o efeito de moda que o ambiente  exerce atualmente em determinados setores da sociedade. Toda “discoteca”que se preza tenta atrair também uma clientela diversificada e criar um clima ambíguo, no qual todos os gostos se misturam. Uma grande quantidade senão a maioria dos sucessos de “discoteca” que vêm dos Estados Unidos faz alusão a sexualidade. (...)” (POLLACK: 1982, 71)  
 

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