quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Os Potiguares


 É comum ouvir nas rodas de conversas ou nos  comentários das pessoas que o Rio Grande do Norte e a população potiguar é conservador e  não se tem rebeldia ou vanguarda em relação ao modo de vida social ou poder e nem mesmo a moralidade dentro da nossa história .  Sempre fiquei na dúvida se isso seria uma verdade absoluta, já que sou uma questionador e admiro as artes  transgressoras como atitudes que mudam a nossa vida. Recentemente um artista performático sob provocar reflexões acerca do uso do terço católico no corpo.
O próprio Luís da Câmara Cascudo se dizia um provinciano no sentido que habitava uma área nada cosmopolita. Ao longo das leituras de livros históricos e nem pouco ordoxoso com a academia consegui perceber que isso não é bem verdade. 
Temos sim uma trajetória desde a origem de rebeldia e transgressão, pouco ou quase nada destacada pela própria população ( alienação se vale disso). Vejamos alguns...

Durante a exploração e o contato português com os indios na nossa região houve conflitos que acabaram resultando numa guerra atroz entre 1689 a 1697. As nações indígenas localizadas no interior do Estado eram muito arredias a presença de europeus. Os conflitos geraram mortes e a dizimação de nativos potiguares. A rebelião indígena de resistência contra o domínio português foi denominada de guerra dos bárbaros. Somente um acordo de paz em 1697, entre a coroa portuguesa com os chefes indígenas, selou o conflito de forma definitiva. 
A primeira escritora brasileira Auta de Souza (1876-1901).  Antes não há registro de mulheres escritoras e com sua habilidade de compor e escrever versos num tom mistico que foram capazes de colocar Graciliano Ramos em dúvida quanto a autencidade de quem os escreveu foi um homem ou uma mulher. Seus versos não foram de ordem similar aos de Verlaine, mas dentro do contexto sociocultural merecem se destacados.
Em 1935 ocorre a intentona comunista em Natal. Rebeldes dominaram a cidade de Natal e se organizaram durante um curto periodo para propagar a ideia de que não somos tão quietos em relação a exploração e dominação dos poderosos.
O voto feminino que ocorreu aqui em solo potiguar primeiroamente tem nome: Celina Guimarães. A primeira mulher a votar na America Latina. Fato determinante para que os demais Estados brasileiros reinvidicassem e seguissem o exemplo do Rio Grande do Norte.
O método de alfabetização implantado no inicio dos anos 60 por Paulo Freire, teve sua experiência pioneira na cidade de Angicos e seus desdobramento com o MEB e com a campanha "De Pé no chão também se aprende a ler".
No final de 1965, surge o bar Arapuca, que se constitui um marco na história da capital potyguar. No recinto do arapuca reuniam-se gente dos diversos segmentos da sociedade para se encontrar e conversar. Embora a predominancia fosse de intelectuais e artistas, o bar tinha fama de ser "gay".  O Arapuca funcionava no bairro do Alecrim e  por determinação dos empresários da moral (religiosos e políticos) mandaram fechar o mesmo.

E Você ? O que sabe sobre o RN que mostra que não somos tão a margem das transformações ?

Nenhum comentário: