Pelas mãos, a mulher segura a criança que ainda não entende bem a cerimonia. As pessoas em volta dela, se abraçam. Um rapaz toca violino, flores são jogadas.. De cabeça baixa, ela chora contida. E o caixão vai sendo aos poucos coberto com areia. - Diga adeus ao seu pai, nunca mais vai ver ele. A viúva sempre foi severa, linda e ordeira na economia de palavra, séria e controlada com os sentimentos. Agora, chora e por isso, o menino observa tanto ela.
Depois do velório, trocou as roupas. Nos domingos, vestia preto quando saia de casa para ir bem cedinho a missa e em seguida passar no cemitério para rezar um pouco e deixar flores no tumulo do marido. E assim, o fez durante meses. Mas num domingo, quando chegou ao cemitério, teve uma surpresa misteriosa. Viu velas e flores no tumulo do marido. - O que é isso ? Perguntou ao zelador. O homem sem entender direito respondeu: Acho que alguém veio, acendeu as velas e deixou as flores. A mulher pensou consigo mesma: Como pode ser. Ficou irritado com aquilo. Teve vontade de apagar as velas e jogar as flores fora do tumulo. Aquele tumulo era do marido dela, alguém deve ter feito isso por engano. Mas, cumpriu o ritual que fazia todo domingo, sabendo que era difícil guardar dentro do tumulo o falecido marido que ainda escorria na memoria e no mistério.
Durante a semana foi a casa da sogra. Perguntou se tinha ido ao cemitério visitar o tumulo do filho no domingo. A senhora respondeu que não. A mulher disse o que ocorreu no domingo passado, e que não sabia quem tinha feito a visita ao túmulo e uma tormenta se fez ali na cova.
No domingo seguinte, novamente velas e flores. Desfez aquilo e arrumou do seu jeito as flores e velas que tinha. Rezou. Lembrou que não era tão apaixonada por ele, teve outros que lhe interessava, mas estava descobrindo o ciume dentro de si. Saiu perguntando aos zeladores se tinham visto antes quem esteve no tumulo. Ninguém lhe respondeu uma afirmativa.
Outro domingo e prevendo o que poderia ver, resolveu ir mais cedo. Nas primeiras horas, foi direto ao cemitério. Havia poucas pessoas no cemitério nessa hora. E para sua surpresa, já estava por lá as velas e as flores. Aquilo fez ela quase perder a razão e gritar. respirou fundo e pensou: Pode está por aqui. Perguntou ao zelador que esteve no tumulo do marido. O zelador disse que foi a mulher que acabava de sair no portão principal. Ela correu, quando chegou ao portão viu a mulher sair num carro. Percebeu que ela estava grávida. Então tentou ir aos sábados a tarde para ver qual o horário que a mulher ia ao tumulo do marido.
Um desses sábados, chegou ao cemitério e viu que havia além das flores e das velas, uma carta no túmulo. Silenciosamente abriu e leu a mensagem. A mulher misteriosa também sabia dela e explicava o motivo de nunca ter se revelado a viúva.
" Cara senhora, peço desculpa se levantei dúvida sobre seu marido depois de morto. Há muito tempo realizei uma promessa por ter quase morrido Ir a todos os velórios durante o dia e ficar zelando por aqueles que deixaram suas viúvas. Contemplo o rosto de cada falecido, vejo os familiares e acompanho a cerimônia fúnebre. Visitar túmulos dos recém falecidos. Faço isso anonimamente essa promessa. Assinado Maria das Mortes" Ela lentamente amassou o bilhete, fez um leve sorriso de sárcasmo e nunca mais foi ao cemitério visitar o tumulo do marido e deixou de usar preto.
Um desses sábados, chegou ao cemitério e viu que havia além das flores e das velas, uma carta no túmulo. Silenciosamente abriu e leu a mensagem. A mulher misteriosa também sabia dela e explicava o motivo de nunca ter se revelado a viúva.
" Cara senhora, peço desculpa se levantei dúvida sobre seu marido depois de morto. Há muito tempo realizei uma promessa por ter quase morrido Ir a todos os velórios durante o dia e ficar zelando por aqueles que deixaram suas viúvas. Contemplo o rosto de cada falecido, vejo os familiares e acompanho a cerimônia fúnebre. Visitar túmulos dos recém falecidos. Faço isso anonimamente essa promessa. Assinado Maria das Mortes" Ela lentamente amassou o bilhete, fez um leve sorriso de sárcasmo e nunca mais foi ao cemitério visitar o tumulo do marido e deixou de usar preto.
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